Não acontece quando falha. Quando falha, a memória é inércia, matéria seca de química que nos mexa. É um lapso, quando muito. Pelo contrário, a memória não perdoa quando é capaz de fazer recordar os piores momentos nas piores ocasiões. Mas por vezes exulta. Quando a memória existe, ajuda e brilha, convoca aqueles instantes em que a alegria nasceu indomável e criou camadas de imagens nossas em cima de imagens reais.
Liga dos Campeões, Milão 96, 2-3. Foi com a mão esquerda que Jardel puxou insistentemente a camisola ao comemorar o golo do empate, como se quisesse agarrar todo o azul e branco para esse instante, convocar toda a força coletiva para abrir os braços em pleno voador? Ele que, saindo do banco, resolveu o jogo nos últimos 15 minutos, dois golos inteiros de oportunidade, cabeça e pé, a golpe duplo.