É mais difícil explicar este 1-8 do Belenenses-Sporting do que o 10-0 do Benfica ao Nacional.
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Bateu-se o recorde de golos numa jornada - 42 - e se os grandes marcaram, só à sua conta, 17, o Sporting estabeleceu um novo registo máximo de vitórias fora de casa. Foi bem perto de Alvalade, no Jamor, que não é bem o estádio do adversário (Belenenses), mas os números são escândalo, 8-1, coisa que não se via há décadas.
É neste contexto que o Benfica mostrou mais uma vez saúde na segunda parte, dando a volta, e de forma expressiva, a um jogo que corria mal.
Já tínhamos tido um 10-0 (Benfica-Nacional), mas este 1-8 parece ainda mais difícil de explicar, porque o Belenenses ainda tinha aspirações a chegar à Europa - matematicamente, era possível até anteontem. Acresce que foi a equipa treinada por Silas a única que, na segunda volta, conseguiu até agora tirar pontos ao Benfica, e na Luz (2-2). E foi há menos de dois meses. Mas agora vai em três derrotas seguidas, não ganha um jogo desde o início de março (4-0 ao Feirense) e teve um guarda-redes em tarde desastrada. Ou mesmo dois guarda-redes...
Estes resultados provam que há menos competitividade na Liga? Vamos devagar. Tenho vindo a afirmar que, nos últimos anos, o nosso campeonato se tem modificado, em favor de um jogo mais positivo, menos defensivo - não temos hoje uma equipa que se faça notar por defender muito e bem, ou por fazer disso a base do seu jogo. Hoje, a mensagem é o futebol positivo, é procurar o golo, é discutir o resultado. Às vezes, até me faz falta o bom prof. Neca (que está no Boavista a coadjuvar Lito Vidigal) e as suas equipas que podiam estar 90 minutos a defender. E por isso, as goleadas são mais fáceis (embora 10-0 ou 1-8 sejam quase sacrilégio em futebol profissional).
De resto, a duas jornadas do fim só se sabe quem será o quarto (Sporting de Braga) e o último (Feirense) - todos os outros lugares da tabela estão ainda em aberto, seja o primeiro, o segundo, quem vai à Europa ou quem são os outros dois clubes que descem de divisão.
Falta saber quase tudo no fundo da tabela, mas o Setúbal - sem Cádiz e Semedo para Chaves - pode ficar em maus lençóis.
É neste contexto que o Benfica mostrou mais uma vez saúde na segunda parte, dando a volta, e de forma expressiva, a um jogo que corria mal e cimentando as suas aspirações ao título. 96 golos marcados, mais 28 que o FC Porto, mais 26 do que o Sporting (que agora ultrapassou os portistas nesta classificação particular). A equipa de Sérgio Conceição vai acabar, tudo o indica, com a melhor defesa (19 golos sofridos, a única abaixo das duas dezenas).
O FC Porto despachou o Aves no Dragão (4-0) no primeiro jogo sem Casillas, que felizmente ontem saiu do hospital pelo seu pé. Estreou Vaná na Liga, mas este quase nem teve de fazer uma defesa, porque o sector defensivo esteve em muito bom plano. Falta saber quase tudo no fundo da tabela, mas o Setúbal - sem Cádiz e Semedo para Chaves - pode ficar em maus lençóis. Mas já esteve tantas vezes para descer por pagamentos atrasados (no mínimo)...
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A figura
Bruno Fernandes, uma enormidade
Marcou três dos oito golos na histórica goleada do Sporting no Jamor ao Belenenses e vai batendo sucessivos recordes de golos. Vai em 19 na Liga, 31 no total - uma enormidade!
https://www.vsports.pt/embd/52150/m/449834/ojogo/26799d3e2746276e07f1f967bd165b6e?autostart=false
O golo
Nuno Santos brilhante
Já tinha marcado um bom golo ao FC Porto - onde fez parte da formação - e, ao Moreirense, fez um mais difícil: passe longo de Coentrão e toque único de pé esquerdo sobre o guarda-redes. Brilhante de um extremo que jogou uma final da Youth League pelo Benfica, em 2014, e que as lesões têm impedido de ter continuidade.
O caso
Cenas lancinantes
É difícil dizer que Fábio Veríssimo não teve razão nas três expulsões do Vitória de Setúbal, ontem. Teve foi azar que o Boavista marcou logo após o primeiro vermelho.