Paulo Nunes de Almeida, um português ilustre
Defendia a Regionalização, e ainda há semanas o disse numa entrevista ao "Dinheiro Vivo", pedindo um novo referendo que desbloqueasse esse desígnio da Constituição que nunca foi cumprido
Corpo do artigo
Conhecia o Paulo Nunes de Almeida de toda a vida. Do liceu, da Praça Velasquez, das Antas. Nessa altura era o "Lica" e nós todos sabíamos já, aos 14 ou 15 anos, que ele iria ter um futuro de grandes responsabilidades. Tinha sempre tempo para tudo. Era um aluno brilhante, dos que estudava e dos que ganhou maturidade bem cedo. Aprumado foi sempre, fez Economia no Porto e tinha uma coisa que lhe vi pela vida toda: falava com as pessoas, raramente discutia com as pessoas.
Foi para presidente do Conselho Fiscal do FC Porto por indicação do engº Adolfo Roque, da Revigrés, que era o detentor do cargo até falecer, também ele, e conheciam-se, creio, da Associação Empresarial de Portugal. Paulo Nunes de Almeida sucedeu ao engº Roque no CF em 2008 e foi sempre um homem discreto, mesmo nos momentos mais difíceis, como aquele em que teve que aceitar um prejuízo de 58,4 milhões de euros na SAD, em 2016, um momento negro.
Sentia os cargos como missão. Foi vice na Associação dos Jovens Empresários, liderou a Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal e foi também vice de José António Barros na AEP, ajudando muito a levar a cabo uma difícil reestruturação de toda a associação. Passou a presidente em 2014 e era um dirigente sempre ouvido com atenção nas instâncias políticas mais elevadas. Defendia a Regionalização, e ainda há semanas o disse numa entrevista ao "Dinheiro Vivo", pedindo um novo referendo que desbloqueasse esse desígnio da Constituição que nunca foi cumprido. Foi condecorado pelo Presidente da República e não conheço muitos que merecessem mais a distinção. "Era um português ilustre, era um grande Dragão", disse ontem Pinto da Costa num vídeo emocionado. Era, o Lica era um português ilustre e um grande Dragão.