A sério que, depois de um Marítimo-FC Porto cheio de matéria para conversa, o mais importante é discutir uma palavra de Conceição?
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Alguém perguntou ao treinador Nuno Manta, ontem à noite, se o Marítimo acabara de fazer um jogo perfeito com o FC Porto (1-1), enquanto nas televisões se debatia, com faces ruborizadas de querubins, o facto de Sérgio Conceição ter dito que se estava "a cagar" para qualquer coisa nas redes sociais.
Nada disto redime o FC Porto, porque já repetiu a experiência demasiadas vezes
Não, o Marítimo não fez um jogo perfeito com o FC Porto, nem sequer um jogo imperfeito, se calhar, nem sequer um terço de jogo imperfeito, literalmente. E Sérgio Conceição disse muitas coisas mais pertinentes do que uma referência ao ato físico de evacuar.
Não é preciso concordar com ele; basta debater, em vez de ir a correr aproveitar um palavrão como álibi para amolecer a coisa (o léxico não é, em princípio, o tema forte de um ex-futebolista, como a maioria dos comentadores).
Debater se o relvado estava ou não encharcado, se isso tem justificação, se a Liga deve ou não monitorizar as condições dos relvados com mais rigor e melhores regras. E conversar também sobre o antijogo, sobre a imagem que alguns jogadores deixam, sobre o que se quer para o campeonato; até sobre o Marítimo, que já tinha no historial um episódio semelhante com o Braga, e sobre o próprio Nuno Manta, no sentido de que a facilidade com que se despede treinadores em Portugal quase os obriga a estes excessos. Mas também sobre a arbitragem, se está a evoluir ou não nesse particular.
Sejam quais forem as conclusões, nada disto redime o FC Porto, porque já repetiu a experiência demasiadas vezes, sabe o que esperar e onde esperar, e está farto de saber também que depende apenas de si próprio para resolver o problema. Mas ainda que resolvesse e tivesse ganho ontem, nada mudaria. O jogo "perfeito" do outro lá de cima teria sido uma merda na mesma.