Como é que se joga olhos nos olhos com alguém que só se consegue ver de relance e sempre de costas?
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1. O Benfica está bem: tem Rafa, capaz de correr como uma chita e de passar com a bola por buracos de agulha. Discutir foras de jogo, como se fez ontem nas televisões, é uma forma de negação a este bom momento. A decisão do campeonato dependerá das oscilações, das lesões que aparecerem e do conhecimento que os adversários forem ganhando sobre a equipa de Lage. "Jogar olhos nos olhos" como, segundo o defesa João Aurélio, o Moreirense quis fazer ontem parece uma ofensa ao Rafa, aquele tipo de jogador do qual os adversários veem muito mais vezes a nuca do que os olhos. Como é que os 23 golos do Benfica nos últimos seis jogos da I Liga se tornam um incentivo a jogar "olhos nos olhos", em vez de "cérebro no cérebro"? Estilo à parte, Benfica e FC Porto procuram fazer o mesmo no campo. Jogam em largura, jogam em profundidade, querem ser rápidos a pôr a bola lá na frente, usam e abusam dos laterais e procuram que os médios façam o milagre da multiplicação em todas as zonas do campo, incluindo a área oposta. Um faz melhor umas coisas, o outro faz melhor outras. Neste momento, separa-os a aura. O Benfica está leve e o FC Porto pesado. Um facto.
2. Não só Ronaldo está garantido entre as "lendas" do futebol, ao contrário do que sugeriu aquele senhor antigo do Atlético de Madrid, como será sempre um siamês de Messi. São uma lenda dois em um e até deviam ter um nome composto com os casais famosos de Hollywwod, Leocris ou Messinaldo, porque é evidente que ficarão para a história em simbiose (embora eu tenha a impressão de que, nesse relacionamento, pesam mais as obsessões de Ronaldo). Ao terramoto do Juventus-Atlético, Messi respondeu não só com cinco golos (dois ao Lyon e três ao Bétis), como ainda incluiu alguns mitológicos. Recomendo o chapéu ao guarda-redes Pau López. Que tempos estes.