Europa falada

O projeto europeu do Benfica, que Luís Filipe Vieira foi ontem à TVI tirar dos alegados cuidados intensivos, não tem nada de mal, mesmo que seja só demagógico.

citacao Nota: A sério? Uma entrevista inteira sem pedir explicações de um único dos e-mails falsos-que-afinal-são-verdadeiros?

Não há forma de uma equipa portuguesa ter sucesso internacional sem que a liga e os adversários ganhem qualquer coisa com isso. Seria bom para todos, como foi no passado. Mas o Benfica internacional é exclusivamente para consumo interno, uma espécie de exportação cá para dentro, porque na hora da verdade todas as decisões tomadas, pela administração ou pelos treinadores, desvalorizam a Europa em favor da cosmética nacional.

Importa ser e, quando não é possível, parecer muito melhor e mais sofisticado do que o FC Porto, nesta fase, como sucedeu com o Sporting durante a vigência de Jorge Jesus. É a parte comezinha do projeto. O futuro europeu de Vieira na TVI é uma resposta já automática ao presente europeu (e talvez nacional) de Bruno Lage. À falta de resultados jogados, o Benfica dispara resultados falados, o que lhe permite dominar o tempo de posse de bola à Barcelona, entre as desgraças do único verdadeiro rival mediático (o Sporting) e o silêncio quase soviético do FC Porto.

O Benfica açambarca os noticiários com números, promessas, castelos no ar e uma campanha eleitoral permanente. Não é uma crítica; é a constatação de como, apesar de tantas censuras e acusações, ou seja, de tanta noção do problema, os adversários chegam a abdicar conscientemente da pouca quota que ainda têm na comunicação social (em geral, usando-a para falar do Benfica) para que o clube da Luz possa manipular à sua vontade a perceção do público a respeito dele próprio e dos outros.

E a decisão de o deixar jogar esse jogo sozinho não depende dos tribunais, nem do Ministério Público, nem do Conselho de Disciplina, nem do Jorge Mendes, nem do Papa Francisco.

Nota: A sério? Uma entrevista inteira sem pedir explicações de um único dos e-mails falsos-que-afinal-são-verdadeiros?