Boaventura é o grau lixo do futebol e o grau zero do jornalismo
<strong><em>TEORIAS DO CAOS - </em></strong>Um texto de opinião de José Manuel Ribeiro, diretor de O JOGO.
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1 - Tenho tanta vontade de escrever sobre um fulano chamado César Boaventura como de enfiar um prego num tímpano. Nenhum jornalista equilibrado, que tenha lido ou ouvido apenas 5% do que ele "escreve" (bota aspas nisso) e diz, pode ter dúvidas sobre a natureza da personagem, igual a centenas de outras que me obrigaram a trabalhar de galochas durante os meus 30 anos de profissão. Difamou jogadores, árbitros, dirigentes, jornalistas, fez acusações graves às mãos-cheias sem mostrar uma única prova nem gerar um único processo - e quando lhe pediram as provas, como na queixa de Cássio contra ele por difamação, retirou tudo, negou o que disse, pôs as culpas "nas pessoas" que lhe tratam do site (um moço de estrebaria com mordomo, portanto), ou seja, foi a figura lamentável dos outros episódios todos.
"Está inquestionavelmente ligado a várias abordagens suspeitas a jogadores, e já isto era sabido muito antes de Lionn"
Uma figura lamentável cujas intenções não podiam ser mais claras desde o início, mas teve (e tem), mesmo assim, um infinito tempo de antena na comunicação social, não só para si próprio como para todas as sabujices que planta, imediatamente amplificadas com um prazer óbvio por demasiada daquela Imprensa lisboeta que depois se "indigna" com os dirigentes incendiários e o estado do futebol. Para além de tudo, está inquestionavelmente ligado a várias abordagens suspeitas a jogadores, e já isto era sabido muito antes de Lionn (ex-Rio Ave) o ter acusado esta semana de tentativa de aliciamento. Mas continua nos jornais, nas rádios e nas televisões, mais vezes do que qualquer jogador, treinador, diretores de comunicação, presidentes de clube, da Federação ou da Liga, citado a um ritmo quase diário como se, tirando a bênção muda do Benfica, alguma coisa na sua carreira de moço de recados o habilitasse a falar de futebol noutro local que não fosse uma esquadra. César Boaventura é a derrota total e absoluta do jornalismo.
2 - A propósito ainda de Boaventura (depois desculpem-me, mas vou a correr desparasitar-me), que está mesmo agora, enquanto escrevo, a ser citado por jornais, com direito a fotografia e tudo, sobre a expulsão de Lucas Áfrico no FC Porto-Marítimo, na sua condição de ventoinha naquele famoso dito popular que leva fezes: "Avisei ontem, está tudo feito." Ponto um, não sei se a expulsão encaixa nas atuais recomendações da FIFA, mas tenho a convicção genérica de que se expulsa muitas vezes desnecessariamente e este é um caso claro. Não era preciso, estraga o jogo e dá asas aos Boaventuras. Ponto dois, o mesmíssimo árbitro, João Capela, que mostrou este vermelho, expulsou Fábio Cardoso no Santa Clara-Benfica, aos 45", num lance que só não é exatamente igual porque havia dois jogadores dos açorianos dentro da área. Capela erra, mas para os dois lados. Não precisa de ser mais uma vítima desta personagem.