Há uma circunstância em que o treinador deve considerar-se em risco: quando o clube tem boas alternativas
1 - A angústia dos presidentes no momento de despedir o treinador não está no despedimento. Angustiante é escolher o seguinte, partindo do princípio de que há escolha, em vez de dois ou três males menores suportados por currículos duvidosos ou, mais importante ainda, sem prestígio que liberte o presidente de quaisquer responsabilidades. O momento em que o treinador de um clube grande deve sentir-se em risco é quando as alternativas apetitosas existem. É esse o caso do Benfica. Marco Silva e Paulo Fonseca estão no mercado. Eventualmente, um deles já terá um bom contrato em vista, mas ainda não há notícias disso e é improvável que o caso dos emails tenha feito estragos suficientes para pôr o Benfica atrás de um clube do último terço da Premier League. Em 2011 e 2013, Luís Filipe Vieira marcou a história com a decisão de segurar Jorge Jesus, sem dúvida. Ponto um: fê-lo depois de muitos tiros ao lado na contratação de treinadores, trauma que não ameniza o tal fenómeno da angústia. Ponto dois: não havia este Marco Silva, nem este Paulo Fonseca para fazer salivar os confidentes de Luís Filipe Vieira. Rui Vitória não é um rato de porão, mas convém-lhe ser um rato de porém.
2 - Não há treinadores sem pontos fracos. O que talvez deva existir são pontos fracos que definem treinadores. Na avaliação que se faz deles, nunca entendi a pouca relevância que se dá aos duelos, isto é, aos jogos mais ou menos decisivos contra obstáculos de calibre igual ou superior. Jorge Jesus e Rui Vitória estão juntos nesse ranking: não é o forte de nenhum deles. Estão aí os históricos para o dizer. As exceções não escondem a regra.
