Depois do caso Pereira Cristóvão
Perante outra tentativa flagrante de incriminação, a polícia não se pode ficar pelos "Casuals"
Assente a poeira e coagulado o sangue na Alameda do Dragão, o espantoso (nem por isso, mas precisava de um adjetivo) é que ainda sobrem dois raciocínios por fazer sobre a violência naquele local antes do FC Porto-Sporting. O primeiro é que, como sempre, ninguém está realmente preocupado.
Não houve uma única contribuição para o apaziguamento, nem mesmo daquelas hipócritas; só tentativas deliberadas de pôr a arder o que resta. E ninguém fica inocente: nem quem as fez, nem os seríssimos senadores que as comentam, sempre muito consternados mas cegos a tudo que não a cor deles, e nem sequer os jornais, apesar de o caso ter merecido da Imprensa uma equidade raramente vista. Na hora de assumir que os malfeitores vieram de Lisboa valeu tudo, até fazer duas capas seguidas com títulos afirmando e depois sugerindo o contrário do que os jornalistas da casa escrevem nas páginas interiores. O correspondente editorial, imagino, aos casacos pretos com capuz.
O que leva ao segundo raciocínio: "Casuals", uma treta! A história de um grupo de metrossexuais que usam roupa de marca, comem em restaurantes chiques e escondem a filiação clubística com os tais casacos quando vão caçar viúvas e órfãos serve sobretudo para que não se investigue mais. Só que houve um caso Pereira Cristóvão, e a hipótese de que alguém se tenha inspirado na incriminação de árbitros para maquinações ainda mais graves tem de ser verificada pela polícia. E, esperemos, afastada.