CARA E COROA - Opinião de Jorge Maia
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1 - De repente, o clássico do dia 8 de abril, que vai opor Benfica e FC Porto na Luz, tornou-se ainda mais decisivo e não apenas para as contas do título. Afinal, três dias depois, os encarnados recebem o Inter, na primeira mão dos quartos de final da Champions. Fazê-lo na sequência de um triunfo que deixaria praticamente fechada a questão do título e com a motivação extra de ter batido o grande rival interno ofereceria um contexto bem diferente daquele que resultaria de um resultado oposto.
Claro que até ao duelo entre Benfica e FC Porto ainda há uma paragem no campeonato para os compromissos das seleções e mais uma jornada do campeonato para disputar. Agora mesmo, é impossível saber se os dois rivais se vão encontrar separados pelos oito pontos atuais, por mais - o FC Porto tem hoje um desafio complicadíssimo frente ao Braga - ou por menos - os encarnados ainda têm de se deslocar a Vila do Conde antes de receberem os dragões na Luz - mas o clássico será sempre um momento marcante no que resta de temporada.
Para a equipa de Sérgio Conceição, é a última oportunidade de ferir o rival à entrada para a fase mais exigente da temporada encarnada que, para além dos jogos da Liga dos Campeões, vai incluir duelos com Braga e Sporting. Para o Benfica, é o momento para cavar um fosso suficientemente largo na liderança para poder investir tudo o que tem na possibilidade real de fazer história na Champions sem colocar em risco o objetivo principal de recuperar o título de campeão nacional quatro anos depois do último.
2 - Há algumas semanas, Rúben Amorim disse que a Liga Europa não salvava a época do Sporting. É óbvio que salva. Se vencer, garantindo não apenas um título europeu que escapa aos leões há praticamente 60 anos, desde a conquista da Taça das Taças de 1964, mas também uma vaga na Liga dos Campeões que continua complicada de assegurar via campeonato, a época do Sporting ficará mais do que salva. Mas, mesmo que não vença, o Sporting não está a perder tempo na Liga Europa. Medir forças com adversários da dimensão do Arsenal e, já a seguir, da Juventus, é o caminho mais curto para o crescimento de uma equipa com tanto potencial como falta de experiência. Que Amorim não queira distrações porque, apesar de complicado, o campeonato continua a ser o caminho mais curto para a Liga dos Campeões, é compreensível. Mas não se pode ir a Inglaterra bater o líder da Premier League no Emirates sem se contemplar o impossível.