Percebe-se no discurso de Rui Vitória, após o jogo com o CSKA, o alívio por ter visto a questão europeia resolvida
É impossível não ouvir o discurso de Rui Vitória no final do jogo com o CSKA sem escutar nas entrelinhas um sonoro suspiro de alívio, especialmente em passagens como "há vida para além da Liga dos Campeões" ou "agora, queremos ganhar as competições internas". Percebe-se porquê. Dos sete pontos cedidos pelos encarnados no campeonato até agora, cinco ficaram pelo caminho nas duas jornadas disputadas imediatamente a seguir aos dois primeiros jogos da Champions: as derrotas na Luz, contra CSKA, e na Suíça, frente ao Basileia, por sinal as duas equipas mais acessíveis do grupo. Rui Vitória terá decidido logo aí que não voltaria a deixar a Liga dos Campeões atrapalhar o campeonato, o que justifica não só as poupanças que fez nos dois jogos frente ao Manchester United, mas também a naturalidade com que aceitou a derrota definitiva, com o CSKA. O Benfica está curto, o treinador sabe disso, e quanto mais cedo conseguir concentrar-se na frente interna, mais possibilidades terá de recuperar a desvantagem para os rivais que têm a Europa na agenda pelo menos até fevereiro. De resto, a mensagem já chegou aos adeptos, como se percebe pela ausência de qualquer sinal de contestação na chegada da equipa a Lisboa. Já houve um tempo em que, por menos do que cinco derrotas e outras tantas exibições embaraçosas, teria caído o Carmo e a Trindade. Claro que este também pode ser aquele silêncio que antecipa a trovoada. Os benquistas estão de respiração suspensa, pelo menos até ao clássico com o FC Porto. Se o jogo do Dragão correr mal aos encarnados, é provável que até os adeptos mais pacientes se cansem de esperar pela retoma prometida pelo treinador.
