Cyber futebol
A insegurança e o crime informático são um desafio para a Justiça
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1 - Robert Mueller, antigo diretor do FBI e atual responsável pela investigação à interferência russa nas eleições presidenciais americanas de 2016, disse em 2012 que só havia dois tipos de empresas no mundo: as que já foram pirateadas e as que ainda vão ser. Entretanto passaram seis anos, pelo que o número das que ainda não foram terá diminuído drasticamente. Para sermos claros, quando até o Citius, o sistema informático de gestão processual da Justiça Portuguesa, é permeável a acessos indevidos, qualquer expectativa de segurança neste admirável - ou abominável - mundo online é vã, pelo que a única maneira de não temer é mesmo não dever. Menos vã é a expectativa de que a Justiça funcione. E que funcione para este tipo de crimes informáticos, de forma a serem devidamente investigados e punidos; mas também para os crimes que eventualmente sejam descobertos durante o processo. Em Espanha, por exemplo, os documentos revelados pelo Football Leaks - alegadamente da responsabilidade do mesmo hacker suspeito de ter roubado correspondência ao Benfica - impulsionaram muitos dos recentes processos fiscais movidos contra estrelas do futebol. Paralelamente, a Justiça nunca deixou de procurar ativamente o responsável ou os responsáveis pelo roubo dessa informação no sentido de os levar a responder pelos seus crimes. Porque, como dizia um famoso treinador português, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. E duas coisas erradas não fazem uma certa.
2 - Quando Varandas Fernandes pergunta se alguém acredita que um hacker ofereceu informação a troco de nada não percebe que está a abrir espaço para que os rivais perguntem se alguém acredita que as eventuais ações de Paulo Gonçalves no âmbito do processo e-Toupeira não são do conhecimento da SAD do Benfica?
