Traços de Sérgio

A forma (indispensável?) como os dragões voltaram a fumegar contra tudo e todos é uma das marcas do mérito do treinador

As vitórias são como tintas que dão colorido a um percurso desportivo, que lhe dão tons alegres quando se alcança o sucesso e, pelo contrário, fazem parecer que tudo é cinzento, tristonho, quando o êxito foge. O azul e branco coloriu este campeonato e devolveu ao FC Porto a imagem de uma solidez que parecia perdida, a solidez própria de um exército capaz de combater e vencer em todas as frentes de batalha, de confrontar tudo e todos e sair por cima, uma característica do ADN portista em tempos de glória. O sucesso recuperou o FC Porto ao qual se elogiava a "estrutura", entidade quase mitológica, qual bolha protetora que envolve a equipa e lhe dá todas as condições para vencer

A capacidade da estrutura é, no entanto, como o colorido das vitórias - existe e é elogiada, neste ou noutro clube, quando se ganha e isso depende essencialmente do treinador e dos jogadores. Há quem defenda serem estes últimos os verdadeiros responsáveis, mas neste FC Porto parece claro o peso de Sérgio Conceição. No mínimo, é indesmentível o acerto da fórmula "treinador+plantel"!

Para lá dos aspetos técnicos, da preparação dos jogos e da matreirice nos conselhos dados aos jogadores, Sérgio incutiu na equipa o espírito que celebrizou e era o dos dragões quando o treinador jogava. E as vitórias sucederam-se, e a estrutura e suas estratégias foram legitimadas. Agora, a um passo do fim, ainda há objetivos por que lutar. E essa ambição é também uma marca do treinador, que se bater o recorde de pontos do clube no campeonato, um registo de José Mourinho, bem merece ter o nome pintado a traços bem fortes na história deste título - e do clube.