O drama de ter sucesso em Portugal
Sporting e Gil Vicente, pelas épocas que estão a protagonizar e, especialmente, pelos jogadores que as têm sustentado, são duas das equipas que terão de passar por um processo de reconstrução.
Separados por três golos na partida de ontem, três lugares e 31 pontos na tabela classificativa, Sporting e Gil Vicente têm um enorme denominador comum. E dramático para ambas as administrações.
Trata-se, no fundo, do dilema com que habitualmente se debatem os clubes de campeonatos com pouco poder aquisitivo, vendedores por definição, como o português: segurar os talentos que muito trabalho deram a fazer crescer. Para não falar da saudade que deixam nos adeptos que tanto carinho lhes dispensaram!
Casos há em que, por ser um fenómeno semelhante ao das barrigas de aluguer, a inevitabilidade da despedida como que a aligeira. Sarabia é exemplo paradigmático nos leões, mas também há Zé Carlos, do lado gilista.
Em outros, porém, a fria ditadura do mercado impõe-se e obriga a um renovar da criatividade, um eterno recomeço. É o ciclo da vida, que no futebol é sempre mais curtinho e intenso.
Matheus Nunes e Palhinha não devem passar muito mais tempo na liga portuguesa, embora Ugarte esteja pronto a receber o testemunho; Samuel Lino tem as malas feitas (resta saber se a última paragem será o At. Madrid...), enquanto o brilhantismo de Andrew e o faro de golo de Fran Navarro já terão feito soar campainhas em gabinetes de scouting e não só. E eis que, qual movimento perpétuo, dirigentes e treinadores voltam ao estirador.
O Sporting garantiu o segundo lugar e a Champions, o Gil tem o quinto quase no bolso. E pode agradecer a ajudinha da bipolaridade do V. Guimarães, que é uma das equipas que mais pontos ganha depois de estar em desvantagem no marcador, mas parece não saber lidar com o conforto...