A motivação dá-te asas
JOGO FINAL - Uma opinião de João Araújo
1 - A equipa que perdeu com Chaves, Arouca ou Marítimo no campeonato e foi posta fora da Taça de Portugal pelo Varzim, da Liga 3, é a mesma que ontem silenciou o Emirates Stadium, casa do líder da melhor liga de futebol do mundo.
E se esteve perto de sofrer, é verdade que o Sporting podia ter eliminado o Arsenal no tempo regulamentar. Mais do que abrir um debate sobre o profissionalismo dos jogadores, importa destacar a força da motivação - do nome do adversário, ao palco do encontro e à competição, isto é, a montra europeia. Algures no horizonte estará, eventualmente, a perspetiva de uma transferência, mas no relvado, onze contra onze, uma batalha assim dá asas. É o lado positivo do chamado "chip".
2 - Luís Freire, treinador do Rio Ave, teve ontem uma frase curiosa antes da deslocação ao terreno do Santa Clara. "Mar calmo não faz bons marinheiros", disse o técnico, com o conhecimento de quem é da Ericeira e trabalha em Vila do Conde. Apesar de transmitida com o intuito de espicaçar um grupo de jogadores que, com 30 pontos na I Liga, praticamente garantiu a permanência (falta o quase...), a ideia aplica-se noutros contextos. E o do FC Porto vem a talho de foice: acabados de serem afastados da Champions numa eliminatória que trouxe à tona a inutilidade do conceito de (in)justiça no futebol, os dragões vão discutir o segundo lugar do campeonato em Braga... no estádio que lhes é mais desconfortável e onde menos venceram na "era Conceição". Ou seja, estão reunidos os ingredientes para um teste ao caráter, dos quais damos conta umas páginas atrás. Noutros tempos, seriam afixadas no balneário. Quem sabe nestes também...