Benfica não teve a qualidade que Jesus reivindicou, mas o antijogo do Marítimo enlouquece qualquer um
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Se na visita anterior ao Marítimo o céu desabou sobre Bruno Lage, desta vez, o Benfica foi capaz de sair dos Barreiros a afastar ligeiramente as nuvens cinzentas que pairavam sobre a equipa.
O futebol português não precisa deste Marítimo, precisa de uma pequena parte do outro que marcou três golos no Dragão
Jorge Jesus até aproveitou o embalo dos pontos para dar moral às tropas e falar de um futebol de qualidade que a equipa claramente não jogou. Essa pode ter sido uma declaração estratégica perfeitamente entendível, mas o mesmo não pode dizer-se do modo deselegante como tratou a repórter da Sport TV na "flash interview", por lhe falar em falta de qualidade.
Se insistir no tema terá de destratar muita gente nos próximos tempos, porque é certo haver muito quem perceba que um jogo resolvido pela qualidade individual de um ou outro jogador não apaga os pecados coletivos, os arrepios na defesa quando a bola anda por perto, nem transforma em fantástica uma exibição apenas sofrível.
Razão de queixa a sério tem Jorge Jesus do adversário, porque é uma triste verdade o Benfica ter defrontado uma equipa cuja principal estratégia de jogo era não querer jogar. Jesus tinha ouvido dizer que era assim, agora constatou como é e fez questão de o dizer, depois de o ter já expressado de forma mais popular, e se calhar assertiva, ao festejar o segundo golo virado para o banco da equipa da ilha, obrigando Rui Costa a abraçá-lo com entusiasmo crescente até conseguir abafá-lo.
O futebol português não precisa deste Marítimo, precisa de uma pequena parte do outro que marcou três golos no Dragão, a pequena parte de querer chegar à frente de modo certeiro. De resto, nessa altura o 2-3 mascarou gestos tão grotescos como os que se viram ontem. O guarda-redes começar a perder tempo na primeira parte é já uma imagem de marca.
