Exclusivo Amorim, depois de uma entrada triunfal, está em queda

Amorim, depois de uma entrada triunfal, está em queda

É apenas a lei da física que rege a vida dos treinadores e os obriga a uma oscilação permanente entre o alto e o baixo, a glória e a miséria, o céu e o inferno. O futebol faz isso a todos, até aos melhores, que são os que oscilam menos.

Perdemos por detalhes", disse Rúben Amorim, depois do clássico de domingo passado. Estava a dizer-nos que controla as coisas grandes, importantes, mas, depois, vêm os detalhes e decidem os jogos. Também se diz, antes de um jogo que se prevê equilibrado, que ele «será decidido por detalhes». Fica-se a pensar: como é que detalhes têm costas tão largas? Por outro lado, fala-se deles como se fossem acidentes, excrescências, quando o jogo não é mais do que uma soma de detalhes de diferentes qualidades.

Rúben Amorim, involuntariamente, teve razão: os jogos ganham-se e perdem-se sempre por detalhes. Eles são o próprio jogo. Por isso, custa menos ouvir um treinador desculpar-se com eles ou a dizer, depois de uma derrota injusta, que «aconteceu futebol», do que ouvir a fanfarronice do «ganhámos porque os jogadores cumpriram o plano». Tantos treinadores que falam como se a matéria viva do jogo fosse obra sua e não o que realmente é, uma construção de quem joga, musicada pelo acaso. Basta olhar de perto para um relvado, com toda aquela irregularidade, onde rola uma bola, que é aquilo que melhor escapa às leis da vida. O que pode sair dali senão um encadeamento fulgurante de detalhes?