PASSE DE LETRA - Opinião de Miguel Pedro
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1 - São 14.30h de sábado. Faltam 6 horas para o jogo de logo, "um dos mais difíceis da época", segundo Carvalhal. Gosto de registar as impressões pré-jogo, mesmo sabendo que serão lidas já à luz do resultado final. Mas, neste momento que escrevo, o resultado é desconhecido. E o que existe são sensações.
A primeira é a de que encontramos o Sporting num dos nossos piores momentos: a moral é baixa, e equipa tem-se mostrado apática e nervosa, os resultados têm sido fracos. Entre covid e lesões, Carvalhal tem tido dificuldade de formar as equipas mais competitivas, mas isso é "fruto da época". Por outro lado, o Sporting tem sido a nossa verdadeira "bete noir", infligindo derrota atrás de derrota nos últimos tempos, sem hipótese sequer de empate. E, para os adeptos, isso tem custado e muito.
O cinismo de Rúben Amorim é de muito difícil digestão para os adeptos do SC Braga, que adorariam vê-lo a engolir o seu falso sorriso. Ainda por cima, este Sporting é um pouco "made in Braga": Amorim fez-se treinador em Braga, Paulinho descobriu-se como goleador em Braga, Esgaio e Palhinha aprimoraram as suas qualidades em Braga, que os mostrou ao mundo futebolístico; e até Pote fez cá a formação e "fugiu". Daí que cada derrota contra os leões tenha um custo redobrado na moral do adepto bracarense.
Além disso, os adeptos já não estão a lidar tão bem com a narrativa de que esta época está a servir para lançar muitos jogadores da formação. Sendo verdade, o adepto sente que isso é feito à custa da competitividade da equipa e que esse facto não pode ser um fim em sim, mas estar sempre ao serviço de se conseguir uma equipa cada vez mais competitiva. Em resumo, vamos todos para o jogo de logo a contar com mais um desaire, mas na esperança que este seja um jogo diferente, em que tudo nos corra bem e que algo corra mal ao adversário.
2 - Sábado, 22.40h. Final do jogo. E é esta a magia do futebol. Quando as coisas parecem mal, quando a moral está mais baixa, os jogadores transcendem-se e demonstram toda a raça, a entrega e a concentração que faz do Braga uma equipa de verdadeiros guerreiros.
Vencer um até ontem invencível Sporting nos jogos caseiros é algo que faz levantar, de novo, toda a força anímica da equipa e dá alento para o resto da época, para a defesa de um 4º lugar que tem que ser nosso.
A primeira parte não foi lá muito conseguida, mas logo na entrada da segunda parte deu para antever que o Braga iria disputar o jogo. Abel Ruiz demonstrou que é mesmo um craque e colocou toda a pressão nos defesas sportinguistas, criando espaços para os seus colegas aparecerem. A segunda parte foi dividida, mas o Braga encontrou sempre (finalmente) o antídoto para o sempre perigoso jogo vertical do Sporting.
Uma grande vitória e que bem que nos soube, por ser contra quem foi... e em casa deles.