PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Um artigo de opinião de José João Torrinha
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Quem é adepto do Vitória há tantos anos como eu conhece bem o histórico de resultados em jogos como o de ontem. E se assim é, sabe de amarga experiência feita que só se ganham estas partidas quando se combinam uma série de fatores. Uns não dependem de nós (arbitragens, sorte, performance do adversário), outros, sim. De entre eles, está a inevitável eficácia.
É lugar-comum estafado: as oportunidades que crias, tens de aproveitar.Ora, os vitorianos devem ter a perceção de que um dos nossos males esta época é a falta de aproveitamento do caudal ofensivo que conseguimos criar. Numa altura em que tanto se fala de perceções e realidade, em contra-corrente com aquela perceção, esta semana o site goalpoint publicou uma série de posts na rede social X nos quais destacava vários indicadores positivos do Vitória, um dos quais a percentagem de aproveitamento das oportunidades criadas de bola corrida.
A verdade é que o jogo de ontem parece ter dado mais razão à perceção do que à tal realidade estatística. Quando se falham tantas oportunidades como as que tivemos, a vitória fica como uma montanha gigante para escalar.O que fica então do jogo de ontem? Muita coisa. As vitórias morais valem tantos pontos como as derrotas, mas o certo é que o meu clube jogou muito bem, e colocou o Benfica a jogar contra nós “à equipa pequena”. Não faltarão aqueles que destaquem o génio tático de Bruno Lage, ao vir a Guimarães jogar encostado atrás e a jogar em contra-ataque.
O resultado enganador que se viu no marcador no apito final parece dar-lhe razão. Puro engano. Lage sai vencedor pelos nossos falhanços a finalizar, pela exibição incrível de Trubin e por erros nossos na defesa. Sim, porque de entre aqueles fatores de que comecei por falar, um será, seguramente, não cometermos erros como aqueles que cometemos nos golos que sofremos.Mas sobra mais do jogo de ontem. Sobra a nossa qualidade, sobra a atitude que é aquela que temos que ter. Francamente, prefiro perder por 3-0 jogando assim, do que empatar com um autocarro estacionado em frente da baliza.
Esta derrota não nos deve, por isso, afetar minimamente. Aconteceu futebol, mas a forma como nos exibimos é mais uma prova de que estamos no caminho certo. Sob o comando de Luís Freire, vamos conseguir o mais do que merecido apuramento europeu.