Admitir o cansaço da equipa é uma virtude, contudo, urge ir além da frontalidade, porque os mais fieis impacientam-se e os ressabiados babam de alegria
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Dizem que querer é poder, mas o arco entre ambos é muito escorregadio, sobretudo se a expectativa não for bem calibrada. Mas como calibrar a urgência da paixão clubista? O Porto começou a época sob um céu nublado e passou a ser candidato a tudo mal ganhou a Supertaça. O problema é que o passado de glória chega a estorvar quando o presente não está à altura. Foi o inebriamento que levou à acomodação, à cultura de ruína. Hoje, o Porto quer mas não pode, só lhe resta reequilibrar-se e voltar a poder, apesar dos esporádicos tombos aparatosos, como na Luz.
Já Bruno Lage geriu com prudência o arco entre o querer e o poder, optando por abdicar de discutir o jogo contra o Bayern. É um mérito admitir que não se dispõe de lenha para disputar dois jogos de alta intensidade em quatro dias. E a verdade é que não deslustraria perder por um golo em Munique, não fosse o parqueamento do autocarro ter caído mal no universo benfiquista. Ao apostar tudo contra um rival doméstico que lhe garantia mais folga junto de adeptos e comentadores, Lage acertou na estratégia e não só matou um borrego com sessenta anos (dar quatro ao Porto), como lavou a nódoa de Munique.