JOGO FINAL - Uma opinião de José Manuel Ribeiro
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Vitinha, ponta de lança do Braga, tem de repensar o nome, porque as fichas de jogo da Seleção Nacional serão um caos com dois Vitinhas em simultâneo.
Mais tarde ou mais cedo, o ponta de lança/bomba-relógio do Braga estará a bater à porta da Seleção. Ao contrário de Ricardo Horta, Santos não pode dizer que há muitos como ele.
É uma questão de tempo, e seria bom que fosse curto. Para a exclusão de Ricardo Horta, Fernando Santos pode defender-se com o excesso de opções; para Vitinha, usar esse argumento será mais complicado, porque não há muitos jogadores portugueses assim, que juntem a potência ao futebol, que peguem nos jogos pelos colarinhos e que, quando entram a partir do banco, ponham toda a gente a perguntar se anotaram a matrícula do camião.
Numa equipa de pressão alta, pode ser a ferramenta perfeita, e vimos como acrescentar apenas a intensidade de Otávio mudou tanto a Seleção. Vitinha é um fenómeno, com meses de I Liga e já muitos bons golos, assistências e pistas de um requinte insuspeito, desenquadrado daquela linguagem corporal de quem joga sempre a morder a língua. Vitinha na Seleção seria um ato de criatividade, semelhante ao que Santos teve com Renato Sanches em 2016, embora mais arrojado. Entre eles também há parecenças, no sentido de que ambos (Renato menos, agora) são uma espécie de vulcão de bolso, com que o selecionador pode demolir os alicerces dos jogos. Talvez por alinhar no Braga, ou com certeza por causa disso, Vitinha está a ser, repetidamente, subavaliado. Os mesmos sinais em qualquer dos "grandes" teriam provocado muito maiores agitações, mas não há como as evitar quando eles reaparecem, em todo o esplendor, num jogo de grandes audiências.
É impossível silenciar o talento. Por isso, que Vitinha vá preparando um pseudónimo, até porque também já há um Vítor Oliveira bem difícil de superar no historial do nosso futebol.