Quando é preciso um jogador da segunda metade da liga alemã para resolver um jogo decisivo, é porque está a faltar talento a Portugal
A exibição de Vieirinha na partida de ontem no Azerbaijão, onde se estreou como titular da Seleção, tem um simbolismo que ultrapassa em muito as questões técnico-táticas do futebol jogado dentro de campo. Sem Cristiano Ronaldo nem Nani, Paulo Bento viu-se obrigado a recorrer a um futebolista de uma equipa da segunda metade da tabela no campeonato alemão para dar um pontapé no fantasma que era ficar de fora do Mundial do próximo ano. Vieirinha é um bom jogador, foi o melhor na partida de ontem (já depois de ter entrado muito bem em Israel), mas acaba por estar no lugar certo no tempo certo. Isto é: dificilmente este Vieirinha teria sido opção para um jogo tão a doer como o de ontem em qualquer das equipas entre o Euro'2000 e o Euro'2008.
Esta é a prova inequívoca de que a Seleção Nacional perdeu o talento que teve em anos recentes. Nesta altura, olhar para Portugal como uma das equipas nacionais mais fortes da Europa só mesmo por patriotismo vazio. Sim, temos o melhor jogador, mas... e depois? Basta ver equipas como Espanha, Alemanha, Holanda, Itália, França e até as emergentes Rússia, Croácia e Bélgica para perceber que estamos a cair de forma perigosa neste escalonamento de qualidade.
Portugal vai estar no Mundial do próximo ano? Acredito que sim, se o sorteio do play-off for amigo. Mas, ao contrário do que aconteceu em anos recentes, não somos assim tão temidos pelos outros como isso.
