Luís Filipe Vieira podia ter voltado com um comunicado discreto, mas preferiu acelerar a fundo com estilo “tuning”. Depois do que disse, não ir a votos nas eleições de outubro seria como um pénalti falhado num jogo decisivo.
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O apoio dos “milhares de sócios”, “fracassos desportivos, perdas patrimoniais e de credibilidade”, “injusto, ilegal e uma fuga para a frente” e ainda “jamais permitirei ser usado como argumento expiatório”. Filipe Vieira podia entrar na corrida eleitoral num tom suave e sem grande alarido. Podia, mas, da mesma forma que há quem adore chegar a uma festa ao volante de um carro elétrico, há quem não veja necessidade de dispensar os carros com motor a combustão. O ex-presidente do Benfica chegou com um carro modificado, “à tuning”. Ou seja, optou por ser estrondoso. O comunicado de ontem tem muito pouco que ver com a defesa do bom nome; é a entrada de Vieira na pré-campanha, com um discurso que lhe deixa já pouca margem para não ir a votos.
Se ficar pelo caminho, depois do que disse, perderá mais um crédito. Neste momento, está a aquecer na linha lateral e não parece disposto a só assistir ao jogo, lançando críticas ao trabalho que Rui Costa fez e marcando também posição perante os outros candidatos, recordando o que conseguiu nos 20 anos em que foi presidente.
O comunicado pode parecer a resposta à intenção da atual Direção de lhe abrir um processo de inquérito, mas João Diogo Manteigas, João Noronha Lopes, Cristóvão Carvalho e Martim Mayer podem preparar-se para mais do que atacar a obra de Rui Costa: terão de perceber ainda como poderão derrubar o legado de Vieira. E, se é o futebol quem elege presidentes, o atual momento encarnado deixa campo aberto para uma campanha mais disputada do que se poderia pensar.