SENADO - Uma opinião de José Eduardo Simões
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A I Liga está interessante e diferente do que seria de esperar atendendo ao estatuto de algumas equipas e às dificuldades dos que sobem.
Entre os históricos de quem seria de esperar mais, Sporting e Vitória estão uns furos abaixo, enquanto o Marítimo vai de mal a pior, carregando o fardo da última posição e longe da manutenção.
A equipa do Funchal tem plantel para bem mais. Será que Rui Fontes, há pouco mais de um ano no cargo depois de tanto tempo afastado, está preparado para as exigências atuais do futebol profissional? António Cardoso, líder vitoriano também eleito em 2021, já terá entendido que tem uma tarefa de Hércules pela frente para aspirar a mais do que o 5.º lugar e não deixar cavar um fosso maior para o rival regional, agora reforçado com a poção mágica francesa?
Já Frederico Varandas, há quatro anos no cargo, terá aprendido uma lição básica do futebol - vender quando o produto está em alta e não ficar à espera (talvez sonhando) que o que hoje vale muito amanhã valerá ainda mais. A 1.ª época completa de Amorim foi excecional, mas os leões estão a ficar progressivamente menos competitivos do que os maiores rivais e ariscam-se a voltar aos tempos em que competiam pelo 3.º lugar.
Em sentido inverso, saliente-se a eficácia dos "gansos". O Casa Pia, recém-promovido, é liderado desde 2006 (há 16 anos) pelo septuagionário Vitor Seabra Franco. Será por acaso que, com segurança, sem loucuras e com objetivos bem definidos, os casapianos subiram paulatinamente de escalão e são, esta época, a sensação da I Liga? Não será antes o resultado de capacidade de gestão, experiência no setor e ideias bem estruturadas sobre o que um clube de futebol (SDUQ ou SAD), deve ser e fazer? Três dos quatro clubes referidos mudaram de líder entre 2018 e 2021.
Os ventos de mudança de dirigentes na I Liga sopram fortes. Pinto da Costa foi eleito em 1982 e é o super decano, seguido de Salvador, à frente do Braga desde 2003, com Vítor Franco a completar o pódio. Seguem-se os presidentes de Arouca, Rio Ave e Chaves, no poder desde 2013. Os restantes 12 clubes mudaram de dirigentes em 2017 (três), 2018 (dois), 2019 (outros três) e 2021 (quatro). Muita rotação recente nesse campo e muitas alterações na I Liga, pois 7 dos 18 clubes que iniciaram a época em 2018 (40%) estão em divisões inferiores.
Mentalidades, competências específicas, capacidade de liderança, conhecimento do setor, visão do futuro e profissionalismo. Eis os ventos de mudança que deviam varrer o futebol nacional.