Vejo este campeonato como o mais fraco dos últimas épocas
PLANETA DO FUTEBOL >> Oito chicotadas em quinze jornadas, cada qual com a sua história e circunstâncias, refletem sobretudo o nível exibicional baixo que tem exibido até agora, em termos de classe média, este campeonato.
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1 - Não sei o que é verdadeiramente muito tempo no futebol. Já vi jogos virados num minuto e outros sem mexer durante duas horas. Mas, para a identidade deste Sporting, aqueles oito minutos em que (após a expulsão de Neto) ficou a jogar com defesa a "4" foi quase como uma eternidade tática para a equipa.
Estava a comentar o jogo e foi incrível ver ao vivo como aqueles momentos destabilizaram tanto os posicionamentos de toda a equipa, a atacar e a defender (este último, o aspeto que Amorim frisou mais no fim referindo-se a esses minutos, porque tal estava a forçar Coates a alargar muito para apoiar o lateral e assim expunha a segurança/coberturas defensivas).
Do tremor do Sporting quando jogou sem o sistema dos três centrais até à incoerências de gestão de oito chicotadas erráticas
Assim, rapidamente repôs a "casa tática" recuada natural a "5" (entrou Nuno Santos para lateral-ala e Matheus Reis fletiu para central) mesmo que para isso tivesse de tirar um avançado diferenciador como Sarabia. Ainda pensei que pudesse recuar Pedro Gonçalves para n.º 8 (tirando Ugarte, amarelado em risco) mas Amorim não pensa este Sporting a partir do centro, mas sim em termos de equilíbrio defensivo e poder de causar desequilíbrios ofensivos, a partir das faixas (embora, naturalmente, o relacione depois com zonas interiores). E assim foi. Recompôs, mesmo então só com dez jogadores, o jogo de trás para a frente (partindo da tal linha de "5" jogadores de raiz do setor mais recuado que era então mais de metade da equipa de campo) e ganhou o jogo dessa forma. Com Nuno Santos como fator ofensivo decisivo.
Para trás ficavam aqueles oito longos minutos em território estranho para a equipa (e onde o Gil quase marcou). Mais do que uma opção tática de Amorim, já é o treinador a sentir a obrigatoriedade de lhe dar o habitat natural para respirar e jogar.
2 - Oito chicotadas em quinze jornadas, cada qual com a sua história e circunstâncias, refletem sobretudo o nível exibicional baixo que tem exibido até agora, em termos de classe média, este campeonato.
É uma opinião que merece uma análise mais profunda mas, dos três grandes para baixo na classificação, vejo este campeonato como o mais fraco dos últimas épocas em termos de nível de qualidade de jogo. O mero equilíbrio que aproxima as posições é uma ilusão primária de falsa competitividade.
Cada treinador despedido sai agarrado a uma gestão desportiva errática. São eles que surgem, na decisão do despedimento, como pretensos culpados de uma realidade que, na maioria esmagadora das vezes, lhes escapa. A seguir, as soluções que passam por inventar novos treinadores ou resgatar velhos hábitos de jogo, mostra a incoerência dessas políticas de clube. Um vazio de ideias que captura o atual campeonato.
O Vizela é daquelas equipas que, pela sua proposta de jogo, faz bem ao futebol. Não pode é deixar que essa ideia (que muitos chamam "futebol positivo") faça, em determinado tipo de jogos, mal a si própria
O Vizela é daquelas equipas que, pela sua proposta de jogo, faz bem ao futebol
O Vizela é daquelas equipas que, pela sua proposta de jogo, faz bem ao futebol. Não pode é deixar que essa ideia (que muitos chamam "futebol positivo") faça, em determinado tipo de jogos, mal a si própria. Penso nisso vendo-a contra o FC Porto. Fiquei de início com a sensação que, reconhecendo o superior valor portista, Álvaro Pacheco quis colocá-la um pouco mais em expectativa, sem se precipitar a sair a pressionar, recuando zonalmente, mas o problema é que a equipa não tem coletivamente esse "chip tático-estratégico". Isto é, os jogadores até podem resistir cada um a essa tentação ofensiva/pressionante, mas coletivamente a equipa continua sempre muito comprida (esticada) em campo na distância entrelinhas. Ou seja, não consegue unir o bloco (independentemente de estar mais subido ou baixo). O campo está sempre "grande" e isso é o pior que pode acontecer para uma equipa que sabe que a hipótese de discutir este tipo de jogos com os "grandes" passa exatamente por o tornar o mais "pequeno" possível (para defender melhor, mais junto e em menos espaço).
Soltou-se melhor, naturalmente, quando já perdia (desde cedo) por 0-2. Então os espaços de jogo (na ação sem bola do adversário) estavam abertos por natureza. Já não era verdadeiramente jogo como era no início.