FORA DA CAIXA - A opinião de Joel Neto.
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Na quarta-feira, o presidente do B-SAD, a cuja acção tenho torcido o nariz, deu-nos uma lição: a sua equipa acabara de perder dois pontos na última jogada, ademais numa partida no terreno do líder, e ele assumiu que ambos os penáltis assinalados contra ela haviam sido justificados - inclusive o que, "in extremis", impôs o empate.
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Pareceu-me a primeira demonstração pública relevante, em muito tempo, de que o VAR tem alguma acuidade. Pois bastou um dia para que, posto perante a margem mínima com que o FC Porto bateu o V. Guimarães, Sérgio Conceição tivesse reclamado não uma, não duas, mas três grandes penalidades para a sua equipa. E voltou tudo à estaca zero.
Porque a questão não é se Conceição tem ou não razão - total ou parcialmente. A questão é que o país não se riu. E não se riu porque é legítimo partir do princípio de que um treinador que reclame três penáltis, em tempos de VAR, possa ter motivos razoáveis para tal. O que tem de querer dizer pelo menos uma de três coisas: ou o videoárbitro não funciona; ou os árbitros portugueses são incompetentes (também) na sua utilização; ou existe em Portugal uma histeria tão insanável em torno da suposta injustiça do futebol que nem com tecnologia ela abranda.
Hoje, passados estes anos de experiência (e majorada mais de meia época de inesperada liderança de uma equipa condenada), podemos declarar que todos os três problemas se verificam. O VAR, pelas razões que já aqui elenquei, não acrescenta exactidão suficiente para compensar o que rouba ao futebol; os árbitros portugueses, como talvez os de outros países, erram tanto na avaliação do sucedido em campo como na interpretação das leis do jogo; e, dê por onde der, os adeptos das equipas contrariadas continuarão a queixar-se de penáltis - mesmo que Deus-Pai se materialize, irrompa entre duas nuvens e passe a ajuizar, ele mesmo, os lances na grande área.
