"VAR: a declaração visou a ferramenta não os utilizadores"
O posicionamento das câmaras de TV não permite, nem garante, efetiva simetria relativamente ao relvado.
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Engana-me que eu gosto!
Em jeito de balanço, proferindo esperadas palavras de apoio ao VAR (quem presumiria assunção de deficiente aplicabilidade?), a diretora executiva da Liga de Clubes, Sónia Carneiro, considerou que o balanço da arbitragem com apoio daquele instrumento, esta temporada "é positivo", porém, reconheça-se, a declaração visou a ferramenta não os utilizadores! Porquanto terá acrescentado: "Foi evidente para todos que as coisas correram menos bem, mas só não falha quem não faz. As pessoas assumiram os seus erros".
Contudo, enganou-se quando disse: "A arbitragem está na Federação desde 2012". Ora, apesar de, primeiro, o denominado Organismo Autónomo, depois a Liga, terem gerido o "específico sistema da arbitragem do futebol profissional", esta nunca deixou de ser da responsabilidade da FPF. No entanto, a concluir, demonstrando como algo vai mal no reino da arbitragem, foi bastante clara e assertiva ao afirmar: "devem pensar o que querem fazer. Nós pensamos na organização das competições, recebemos o serviço da arbitragem" - I understand you! Na sequência, ao jeito de engana-me que eu gosto, anunciou introdução de linhas virtuais no VAR para aferição de fora-de-jogo. Trata-se de mais uma panaceia de aplicabilidade desigual, os estádios não têm, todos, mesmas condições, e benefício duvidoso. A linha será ao nível dos pés, dificilmente aferirá, cabeça ou tronco dos jogadores.
Desvirtuamento
Os exemplos da época ora finda e anteriores, afirmam como subjetiva é a aplicação das linhas virtuais. O posicionamento das câmaras de TV não permite, nem garante, efetiva simetria relativamente ao relvado. Outrossim do desvirtuamento, quando se pretende rigor e transparência, é aplicar a linha somente ao atacante em fora-de-jogo e não, conjuntamente, a quem passa a bola.
Esvaziamento
A introdução das linhas virtuais é mais um contributo para a desresponsabilização da afirmação humana na aferição de circunstâncias faltosas. Será mais um contributo para a menorização da competência e capacidade os árbitros, esvaziando-os de interpretação, intervenção e decisão. Autoridade, personalidade e afirmação, deixam, cada vez mais, de ser predicados exigíveis.