APITADELAS - O antigo árbitro Jorge Coroado, cronista de O JOGO, explica a diferença entre erro de direito e erro de facto na arbitragem.
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O uso do VAR tem promovido dúvidas quanto a algumas decisões enquadrarem possíveis erros de direito. Acerca de erros de facto e erros de direito, a regulamentação da modalidade prevê a possibilidade de anulação de partida quando ocorrer comprovadamente erro de direito, ou então algum comportamento comprovado de alguém que, com o fim de alterar o resultado da competição, aja de forma atentatória à dignidade da modalidade, nunca por erro de facto.
Mas qual a diferença entre erro de facto e erro de direito? Exemplo mais flagrante: erro de direito seria uma equipa atuar com 12 jogadores; erro de facto é e será, sempre, um golo marcado por um jogador em fora de jogo até mesmo comprovado pelas imagens da TV.
Esta simples explicação ainda deixa algumas mentes confusas, a ponto de defenderem que, por exemplo, um golo validado e depois demonstrado pela TV que a bola não entrou, ou vice-versa, seria um erro de direito e justificaria a anulação da partida. Puro engano! Seria erro de direito se, por exemplo, o árbitro assinalasse pontapé livre indireto, levantando, bem, o braço acima da cabeça e o executante, após respetiva autorização, introduzisse a bola diretamente na baliza e, sem que esta fosse jogada ou tocada por outro jogador, o oficial de jogo validasse o golo. Assim seria erro de direito! Validar golo por a bola entrar ou não será, sempre, um erro de facto!
O árbitro exerce poder disciplinar desde que chega e até que abandona as instalações!
Na disciplina!
Ainda sobre erros de facto e de direito, dúvidas se levantam quanto a sanções disciplinares por faltas a meio-campo, de cuja interrupção resulta visionamento do VAR e posterior assinalar de pontapé de penálti (erro de facto). Nada obsta àquela sanção disciplinar. Entenda-se como exercida com o jogo interrompido. O árbitro exerce poder disciplinar desde que chega e até que abandona as instalações!
Erros memoráveis!
Os erros de facto da arbitragem fazem parte da falibilidade inerente à modalidade, subsolados no arbítrio concedido aos árbitros. Assim não sendo, como poderíamos ainda hoje recordar erros memoráveis como o fantástico golo de Maradona apelidado de "La Mano de Dios", ou o golo não validado a Petit na Luz, diante de Vítor Baía, acontecido em 17/10/2004?