FORA DA CAIXA - Um artigo de opinião de Joel Neto
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De todas as reações ao maior terramoto do futebol contemporâneo, nenhuma me pareceu tão assertiva como a de Guardiola: "A Superliga é um embrião que ainda não respira sozinho."
Porque aquilo que temos, até ao momento, é apenas capital de negociação.
Duas coisas me parecem certas: vai haver uma Superliga, chame-se como se chamar; e essa Superliga vai existir no âmbito da UEFA, em benefício tanto das hierarquias do futebol como dos interesses dos clubes super-ricos.
É o que, aliás, já insinuam os primeiros sinais do contra-ataque de Çeferin e respetiva bazuca.
Fico expectante por mais informações sobre a dita: o montante do investimento, o modo como será usado para reagrupar os clubes dissidentes, que género de benefícios e obrigações estes terão, até que ponto o papel da UEFA se aproximará do da NBA. Quanto ao resto, não passa de ruído.
Alguns clubes revoltosos já mudam de ideias, mas esquecendo que esta aventura lhes terá alargado horizontes e proventos. Muitos dos que não puderam revoltar-se esmurram o peito contra a revolta, mas não desdenham de se sugerir alvo de sondagens para a integrar (como acontece com o Benfica e o FC Porto e, aliás, aconteceria com o Sporting, se estivesse nessa posição).
No fim, tudo estará bem. Quase tudo. Será destacada uma superelite e haverá lugar nela para meia dúzia de clubes das ligas periféricas. O que não estará totalmente bem é a luta entre essas ligas pelos lugares sobrantes e, depois, entre os seus principais clubes pelo lugar atribuído. Isso e o degredo dos excluídos em geral.
Mas tal importa pouco aos dissidentes. E interessa pouco à UEFA. Çeferin sabe que Florentino Pérez tem razão quando diz que há muitos jogos fracos e pouco lucrativos. E de ambos os lados da barricada impera esse filtro: o do lucro.
