PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Um artigo de opinião de José João Torrinha.
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Decorrido cerca de um quarto do campeonato, é uma boa altura para se fazer um primeiro balanço da nossa época desportiva.
Um balanço com um travo a frustração pois olhamos para a tabela classificativa e percebemos que com facilidade poderíamos estar calmamente no quarto lugar.
A derrota com o Portimonense e os empates com Arouca e Belenenses representam sete pontos que, em condições de normalidade, deveriam estar do lado de cá. Ora, se excluirmos o empate com os azuis (filho de uma anormal arbitragem) os outros dois jogos revelaram bem as fragilidades que nos estão a impedir de ocupar o lugar que merecemos.
Fragilidades atrás e à frente. Começando pela defesa, se é verdade que os nossos laterais têm estado bem, também é certo que na zona central se têm acumulado erros individuais e coletivos que nos têm prejudicado. Três centrais têm ocupado as duas vagas e se é certo que uma parte da torcida vitoriana tem tomado Jorge Fernandes "de ponta", a verdade é que os erros têm sido dos três. Cabe perguntar se não seria preferível dar continuidade à aposta em André Amaro, que tanto potencial demonstrou no ano passado.
Mas no ataque também temos pecado. Se os alas têm estado em bom plano, os nossos avançados-centro têm demonstrado fraca produtividade na hora de colocar a bola no fundo das redes. Não me interpretem mal: sou apreciador de muitas qualidades de Oscar Estupiñan, como a forma como desgasta uma defesa, como luta, como segura a bola. Todo um perfil diferente do de Bruno Duarte (mais tecnicista, menos físico). Mas sendo dois jogadores de perfil diferente, a ambos parece faltar o killer instinct que tanto beneficiaria o nosso jogo. Menos erros escusados atrás e mais eficácia na hora de dar o golpe de misericórdia e nesta altura todos estaríamos a sorrir.
No mais, os guarda redes têm estado genericamente bem, percebendo-se que Varela retomará o seu lugar. Sacko e Rafa Soares estão a fazer uma bela temporada e a dar conta do recado. O meio campo tem feito carburar a equipa e tem soluções para muitos gostos: a imponência de Alfa Semedo, ou a geometria de Tomás Händel; a solidez de André André, ou a capacidade rompedora de André Almeida; a filigrana de Tiago Silva, ou a capacidade de passe de Janvier.
A mesma qualidade que transborda nas alas, onde o talento de Rochinha, Edwards, Quaresma e Lameiras nos faz ter pena de só haver lugar para dois ao mesmo tempo. E em cima de tudo isto, sabemos que existe uma jovem segunda linha à espera de oportunidades para mostrar o que valem. Aqui chegados, cumpre relembrar que estamos ainda no início, que a época é longa e que há três competições para disputar. Tempo mais do que suficiente para melhorar o que falta melhorar e para limar as arestas do plantel que ainda estão por desbastar. Os adeptos, esses, têm feito a sua parte. Fosse por eles e íamos em primeiro.