Uma vitória que não nos ilude e exige reflexão
Não podemos ficar quietos perante o atual estado de coisas. Porque nem sempre haverá penaltis para salvar a honra do convento
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1 - O adepto tem sempre aquela secreta esperança de que, mesmo quando as coisas não vão bem, tudo se há de inverter. O adepto acredita, ainda que não veja sinais aparentes de que isso vá acontecer. Por isso, este vosso amigo já tinha escrito uma outra crónica mesmo antes do jogo de ontem, dando por garantido que eliminaríamos o Arouca sem grande transtorno e dados dignos de nota. Bem me enganei.
Isto não é conjuntural. É estrutural. E merece que o Estado maior vitoriano reflita bem no que se está a passar. Os balanços far-se-ão no fim, mas não podemos ficar quietos perante o atual estado de coisas.
A meio do jogo, decidi que não ia dar, tal estava a ser a exibição do Vitória em terras arouquesas. Basta dizer isto: se um cidadão que não conhecesse nada do futebol português assistisse ao jogo e lhe perguntássemos qual era a equipa da primeira divisão e qual era a da segunda, a resposta dele seria a errada, com certeza.
Da mesma forma, se alguém que não tivesse visto o jogo olhasse só para a ficha do mesmo, rapidamente seria engando, iludindo-se com o facto de termos jogado com dez a partir do segundo tempo. De facto, a infantilidade de Ouattara pouco explica do que se passou. E na primeira parte não explica mesmo nada. Também não temos o direito de clamar por falta de sorte, porque aquela bola à barra podia ter entrado, é facto, mas já veio tarde e a más horas, não se podendo ignorar tudo o que a antecedeu.
2 - Finalmente, a inexplicável decisão de Rui Costa de poupar a expulsão a Bukia (não falo do lance que assinala fora da área, sobre Maddox, porque não tenho a certeza), também não é o fator decisivo para explicar seja o que for.
No final, fomos mais competentes na marcação dos penáltis, mas isso e a satisfação de termos conquistado um lugar na quarta eliminatória não nos pode fazer esquecer o que se passou nos cento e vinte minutos.
3 - O que se tem de dizer é que esta é uma equipa cheia de debilidades. Quando olhamos para todos os jogadores que estiveram em campo e constatamos que só Bruno Varela parece estar a cumprir com o potencial que se lhe era reconhecido; quando todos os demais estão em sub-rendimento, algo de muito errado e de muito profundo se passa. E quando digo todos, são mesmo todos: dos mais novos aos mais experientes; dos que já por cá andavam até às aquisições. Dos ditos potros aos exemplares premiados.
4 - Isto não é conjuntural. É estrutural. E merece que o Estado maior vitoriano reflita bem no que se está a passar. Os balanços far-se-ão no fim, mas não podemos ficar quietos perante o atual estado de coisas. Porque nem sempre haverá penáltis para salvar a honra do convento.