O FC Porto precisava de ter reagido à derrota no clássico da Luz ontem, mas apenas viu a crise aprofundar-se. Ou Vítor Bruno encontra o caminho de regresso às vitórias já ou o caldo pode entornar
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Vítor Bruno fez bem em dar o peito à contestação dos adeptos no final do jogo de ontem, desde logo pela dignidade com que o fez, mas sobretudo por concentrar em si próprio a frustração da bancada portista, protegendo os jogadores das críticas mais ferozes. Afinal, é com estes jogadores que terá de enfrentar o Anderlecht na próxima quinta-feira, noutro jogo com ares de final, dessa feita na Liga Europa, e nunca é demasiado cedo para começar a tentar recuperá-los animicamente. Talvez ainda mais do que a goleada sofrida na Luz, a derrota de ontem tem o potencial para abalar a estabilidade da equipa, do treinador e, no limite, até da Direção liderada por André Villas-Boas.
Por denunciar falta de capacidade para reagir ao atropelo no clássico, por ser a primeira sofrida frente a um rival de calibre médio - até ontem, os dragões só tinham quebrado frente aos rivais diretos - e por custar uma competição que o FC Porto venceu nas últimas três edições e onde não perdia desde 2021. Se os pontos perdidos no campeonato são recuperáveis, desde logo quando Sporting e Benfica visitarem o Dragão na segunda volta, numa prova a eliminar como é a Taça não há segundas oportunidades para causar boas impressões. E a impressão que o jogo com o Moreirense deixou - com evidente mérito da equipa liderada por César Peixoto - foi a de uma equipa sobre brasas, carregadinha de dúvidas existenciais que não se viram durante a primeira fase da temporada.