Uma final atravessada por João Félix e Bruno Fernandes
<strong>A TÁTICA DO PROFESSOR - </strong>O Benfica seguiu o seu caminho e conseguiu ultrapassar a barreira João Félix; o Sporting ainda está antes de saltar a barreira Bruno Fernandes.
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1 - Como há alguma distância para provas em que vão querer chegar longe - Liga dos Campeões e Liga Europa -, Sporting e Benfica tiveram tempo para pensar neste dia em que abre a época oficial e, como vem sendo hábito em Portugal, com um encontro entre o vencedor do campeonato e o da Taça de Portugal.
No caso de hoje, é também um dérbi sempre do agrado de quem gosta de futebol. E, ao que vi, as equipas andaram a trabalhar nos últimos dias (semanas) a pensar neste jogo, que pode ser um balanço ótimo para quem ganhar, conseguindo um início vitorioso de temporada. Olhando ao que fizeram na pré-época, parece-me que o Benfica está muito mais dentro daquilo que será a sua estrutura para a nova época e que não difere muito daquela que lhe deu o título, ou seja, deu continuidade ao bom trabalho realizado. Mais, fê-lo sem pensar em João Félix. Há duas semanas escrevi aqui que seria um erro tremendo, é um erro, qualquer treinador fazer uma equipa à volta de um jogador: por muito valioso que ele seja, dá asneira.
Lage teve para já esse mérito, soube construir uma equipa, aproveitando a espinha dorsal da última época e colocando apenas dois reforços, Caio e De Tomás, que aparentemente se encaixam muito bem na equipa, embora De Tomás tenha características muito diferentes de Félix, um miúdo que brilha agora em Madrid. Já Marcel Keizer tem um problema bem bicudo chamado Bruno Fernandes. Não sabe se ele fica ou se vai e a equipa do Sporting está realmente refém desta dúvida, que mexe muito com o jogo, com o sistema, com o treinador e com os demais jogadores. É realmente um problema que afeta com certeza o plano do treinador holandês. É o que dá termos uma janela de transferências demasiado aberta no tempo... Há efetivamente um Sporting com Bruno Fernandes e outro sem Bruno Fernandes. Ou seja, e em conclusão desta análise à volta de dois jogadores que eram ou (ainda) são fundamentais, o Benfica conseguiu ultrapassar a barreira João Félix, o Sporting está ainda antes de saltar a barreira Bruno Fernandes.
2 - O estado de espírito com que as equipas partem para o jogo de hoje é bem diferente. Embora a pré-época não dê pontos, é um facto que o Benfica foi muito mais competente: oito vitórias em nove jogos, alguns com adversários de peso - e a isso não é alheio o melhor conhecimento dos jogadores entre si -, enquanto o Sporting não conseguiu uma única vitória em seis jogos (três empates, três derrotas). Julgo que não há dúvidas sobre quem estará mais moralizado nesta fase inicial da época. Tudo isto não significa, contudo, que o Benfica já ganhou. O que aqui escrevo não é um ponto de chegada, é um ponto de partida, porque só podemos analisar o que já foi feito até aqui. Hoje é um dérbi, há a questão da motivação, que será sempre diferente num jogo desta dimensão; o Sporting, apesar de ainda meio embrulhado, pode perfeitamente chegar hoje ao Algarve e impor-se, conquistando a Supertaça, como conquistou a Taça de Portugal, se calhar contrariando muito as expectativas. Sobram, para os amantes do futebol, algumas questões, como a de percebermos se vamos ter um Benfica diferente sem João Félix e como vai estar o Sporting com Bruno Fernandes de saída...