SENADO - A opinião de José Eduardo Simões.
Corpo do artigo
Como era de prever, sem pré-temporada, nem público, com arbitragens e VAR´s a tomar decisões de difícil entendimento (e não discernir situações que saltam à vista, muito na linha da velha máxima do futebol que reza que em caso de dúvida o árbitro dita a regra e os mais poderosos são beneficiados), verifica-se uma maior proximidade no futebol praticado.
12337538
Como a preparação deste final de temporada foi idêntica para todos, as diferenças esbateram-se, o que permite tirar uma ilação óbvia: se todos os clubes tiverem as mesmas condições de pré-época, se puderem fazer bons estágios e jogarem com equipas diferentes das habituais com quem preparam as temporadas, é natural que se consiga maior competitividade e os mais fortes terão que fazer mais para ganhar. Penso que a Liga devia considerar a internacionalização das nossas equipas tanto na pré-época como após o final de cada temporada, ajudando assim financeiramente os clubes menos abonados e promovendo a abertura a novos mercados e o interesse nos nossos jogos, jogadores e equipas.
As equipas teoricamente mais poderosas estão a enfrentar muitas dificuldades, a marcar pouco e a jogar ainda menos. Em relação aos que ocupam a primeira metade da tabela apenas Sporting, Famalicão e Boavista estão a fazer pela vida, com resultados a condizer. No caso do Sporting existe a curiosidade de perceber se é efeito do treinador Rúben Amorim, que tanto prometia em Braga e quer mostrar que tal não foi fruto do acaso. Famalicão e Boavista são equipas sólidas e bem orientadas, já tranquilas na tabela, pelo que ninguém deve ficar surpreendido pelo que estão a conseguir.
Porto e Benfica parecem mais preocupados um com o outro, num jogo de nervos em que o campeão será aquele que conseguir resistir melhor à pressão e escorregar menos. O Braga de Custódio está a decepcionar. Santa Clara e Moreirense estão a manter uma boa postura competitiva, ao contrário de Vitória minhoto e Rio Ave, que estão aquém do esperado para equipas recheadas de bons jogadores e bem orientadas. Se não inverterem a situação, o 6.º lugar será difícil de alcançar.
Do décimo lugar para baixo o (em princípio já) condenado Aves pouco mais fez do que conseguir roubar 2 pontos ao Porto, o que fez sorrir os encarnados. Gil Vicente aparece em crise, o que surpreende pela negativa. Vítor Oliveira vai ter que puxar as orelhas dos seus atletas que parecem algo relaxados com a distância à linha de água, tal como sucede com o Vitória de Setúbal. Mas atenção: faltam sete jornadas e os clubes, desde o sofrido Portimonense ao Belenenses, fizeram entre 4 e 6 pontos em 3 jornadas. Os de Portimão estão algo distanciados mas mostram muita vontade e não se querem render. Por isso, se nas próximas 3 ou 4 jornadas a diferença para gilistas e setubalenses (ainda descansados) diminuir para metade, tudo pode acontecer. A mentalidade dos jogadores é muito volátil e dependente da capacidade de reagir nas adversidades. Atletas com personalidade e capacidade de liderança arrastam a equipa para cima. Pelo contrário, jogadores medrosos ou inseguros tornam-se ainda mais frágeis e podem comprometer as suas equipas. Como se diz na gíria, quando a bola parece ter "picos" e "queimar" nas chuteiras, esses desaparecem dos jogos e cometem erros infantis. Uma nota final para o Paços de Ferreira. Pepa continua a mostrar seriedade como homem e qualidade como treinador. Está a fazer o seu caminho, senão das pedras, pelo menos de dificuldades, com muito mérito e competência. Pode chegar longe!