PLANETA DO FUTEBOL -Um artigo de opinião de Luís Freitas Lobo
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1 O futebol continua, cada vez mais, a desenhar diferentes formas de globalização. O Chelsea busca atacar a Champions pela Premier League, mas dentro da órbita do consórcio BlueCo (um grupo inglês de investimento), que domina o clube, também está outro emblema que é uma espécie de incubadora de talentos, o Estrasburgo, adquirido um ano depois, em 2023, a jogar na liga francesa com uma equipa sub-23.Um projeto tornado mais empolgante pelo bom futebol que joga, atualmente também na luta por um lugar na Champions nos relvados gauleses. Um modelo de jogo que se expressa numa sucessão de triângulos, quer o sistema parta duma “defesa a 3” (3x4x2x1) ou na “linha de 4” (4x3x3), potenciando a qualidade técnica de jogadores com enorme margem de crescimento e que encontram aqui o “habitat” perfeito de maturação da formação no mais alto nível.
2 Como guia no banco desta filosofia, Liam Rosenior, 40 anos. Ele personifica atualmente a nova face de treinador inglês. Com ideias de jogo mais continentais, apareceu como treinador-adjunto no Derby County, então sob comando de Cocu e Rooney, até assumir o Hull City como principal. Foi onde a BlueCo o foi buscar para, nesta época, assumir esta espécie de clube-satélite com base num plantel sub-23 (tem 21,8 anos de média etária), no qual se detetam vários jogadores para seguir no futuro.
3 A chefiar o onze em campo, um médio brasileiro de saber tático e técnica natural. Andrey, 20 anos, feito no Vasco, emprestado pelo Chelsea, simboliza a união entre os dois clubes.Jogando com o meio-campo “a dois” ou num triângulo, ele é quem marca tempos de jogo e circulação de bola. A seu lado, pode surgir uma pérola argentina, Valentín Barco (também 20 anos), canhoto que também pode jogar desde lateral. Feito no Boca, tem habilidade para fazer da bola o que quer, mas na Europa vai adquirindo uma cultura tática muito superior.Outra solução é fazer dupla com o senegalês Habib Diarra (21), que sai muito bem para o jogo, ou, para compor um trio, lançar Lemaréchal (21), francês de origens marfinenses, mais solto como médio-ofensivo inventor.
4 A segurança defensiva tem centrais que se complementam muito bem, desde Doukoré (21), pela direita, o mais rápido a sair com a bola desde trás, Omobamidele (22), um irlandês com origens nigerianas que cresceu em Inglaterra no Norwich e que chefia pelo eixo dos centrais, enquanto Sarr (19), senegalês feito no Lyon, é o central mais possante (1,94m) a fechar, dobrando sobre a esquerda.Nesta variante a “3”, solta mais os laterais como alas, onde voam Doué (22), na faixa direita, com uma técnica apurada a segurar, tabelar e decidir o passe/cruzamento, e, por toda a faixa esquerda, o português Diego Moreira, extremo de raiz (onde também pode alinhar) feito no Benfica. Vejo-o hoje mais responsável taticamente a defender, mas corre o risco de perder a criatividade rebelde que tem se esta não for estimulada em nome da disciplina da transição defensiva como prioridade de jogo. Seria inverter a ordem dos traços do seu talento.
5 No ataque, um ponta-de-lança esguio e forte (1,95m), holandês de origens nigerianas: Emegha (fez-se no Sturm Graz austríaco). Aos 22 anos está em fase de maturação. Mete passada larga no ataque à profundidade, tem golo sem ser um tecnicista e aguenta o choque, mas precisa de ganhar melhor poder de decisão a dar em tabelas.Nas alas, Bawka (22) é ambidestro a partir da direita. Encara muito bem no um para um e busca verticalizar movimentos (foi feito no Bordeaux) e Nanansi (22), um sueco descoberto no Malmoe, faz a ala esquerda. Destro, tem a inteligência de jogar por dentro e surgir quase como segundo avançado.Uma equipa que merece olhar atento e uma viagem até aos belos relvados da Alsácia.