O golo estratosférico de Taremi no último minuto devia esteticamente valer por dois ou por três.
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A necessidade de marcar para virar um resultado leva a que a primeira tentação seja lançar mais avançados.
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Mas Conceição percebeu que, para o tentar contra o Chelsea, não poderia nunca perder o equilíbrio da equipa no centro do jogo. Por isso, reforçou-a antes em termos de meio-campo para, depois, subir o bloco com segurança e, assim, pressionar alto, metendo o jogo sempre perto da área inglesa. O seu 4x3x3 com... quatro médios (partindo da solidez de Grujic com Otávio a partir de um flanco a juntar-se à dupla de interiores subidos Uribe e Sérgio Oliveira) pisou forte desde cedo.
Estes foram os dois jogos montados por Tuchel numa maior estratégia de contenção desde que pegou no Chelsea. A vantagem de 2-0 deu-lhe margem para respirar melhor neste segundo jogo, mesmo que numa organização recuada, a partir do acrescento de oxigénio tático de transição defesa-ataque (entenda-se, saída desde trás do seu bloco médio-baixo) dado pela introdução do motorzinho de condução em posse: Kanté.
Durante toda a primeira parte, a bola andou mais perto da área do Chelsea, mas o jogo nunca fugiu ao seu radar de controlo.
Fechadura azul
O início da segunda parte reforçou a pressão portista, mas o Chelsea não teve dilemas estéticos em viver sem bola, encostado à sua área. Reforçou a defesa a cinco e assumiu o posicionamento em bloco-baixo. Aos poucos, foi ativando o seu modo de gestão de forma mais agressiva.
O desfazer do núcleo de quatro médios a partir da retirada do trinco (Grujic) e entrada de um segundo ponta-de-lança (Taremi) lançou o jogo ofensivo noutros moldes (com maior presença na área, mas com risco de partir o meio-campo mais atrás). O FC Porto assumiu os últimos 15 minutos enchendo de avançados (mais Evanilson e Luis Diaz) os terrenos junto à área do Chelsea. O golo estratosférico de Taremi no último minuto devia esteticamente valer por dois ou três. Mas, infelizmente, os resultados não se fazem pela nota artística dos melhores golos. Uma bicicleta no vazio.
Foi, assim, uma eliminatória estranha em tudo. Este Chelsea revelou, nestes dois jogos, uma postura tática quase contranatura ao que Tuchel preconizara. Escondeu a equipa atrás da linha da bola e soube especular (com a bola ou sem ela, pela forma como se posicionou tão recuado e em expetativa).