O FC Porto dedicou meio jogo a convencer os adeptos de que merece tempo para aprender a jogar a outra metade
1 Adrián López feliz a jogar no Dragão, ou melhor (para não exagerar), jogando no Dragão como se estivesse num estádio e não em Auschwitz, diz muito do tormento em que a atitude dos adeptos pode transformar um trivial jogo de futebol - e também do que tem sido a vida para muitos reforços portistas massacrados pelas bancadas. O FC Porto de Nuno Espírito Santo não fez o jogo perfeito, ontem à noite, mas pareceu divertir-se com a bola (um fenómeno raríssimo nas últimas cinco épocas) e fez grandes promessas, durante 45 minutos, rebocado por um craque já indiscutível como é Otávio. O brasileiro - como Óliver, André Silva ou Alex Telles - justifica que os portistas pensem, por uma vez, pelas suas cabeças e deem tempo à equipa. Parece difícil que, sem bom trabalho nem boas ideias, a primeira parte de ontem tivesse sido possível, mesmo aceitando que Nuno precisa de assentar numa base para o onze: a melhor maneira de convencer os adeptos de que é mais fácil quando não se arranca sempre do zero é evitar arrancar todos os jogos do zero.
2 No Dragão muita energia despendida; em Alvalade, um exemplo de economia. O Sporting comprou um ponta de lança feito (Bas Dost) e tira vantagens disso. A diferença entre a avalanche de Vila do Conde (derrota por 3-1 na última jornada) e a noite semitranquila de ontem (4-2 ao Estoril) é, em graus diversos, a mesma que existe entre os leões e o FC Porto. Não há milagres: quando falta experiência e mecanização (André, Alan Ruiz e Campbell foram titulares nos Arcos), os acidentes terão de acontecer. Jesus tinha escolha; Nuno Espírito Santo nem por isso.
