A normalização dos apuramentos da Seleção Nacional para as grandes competições internacionais de futebol feminino é um excelente sinal para o futebol, mas também para o país.
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1 - No sábado, depois do empate da véspera entre Portugal e a Chéquia no Estádio do Dragão, a chamada à primeira página de O JOGO foi “40 189 votos de confiança”. O recorde de assistência num jogo de futebol feminino, batido pela Seleção Nacional nessa noite, não chegou para empurrar Portugal para a vitória, mas não se perdeu no éter. Há um país por detrás da equipa que ontem se apurou para o Europeu do próximo ano. Ainda não é um país onde as mulheres tenham acesso às mesmas oportunidades dos homens, nem sequer onde elas se possam sentir seguras em casa, quanto mais fora de portas. Mas é um país melhor do que era há uma, duas ou três décadas este em que elas provaram que o futebol, como tudo o resto, é maior, mais forte e mais saudável quando não se exclui metade da população por preconceito.
2 - Muito se tem discutido sobre o que teria acontecido no Sporting-Santa Clara se tivesse sido marcado a grande penalidade sobre Geny Catamo que os leões reclamaram, ainda o jogo estava empatado 0-0. Tudo seria diferente e o Sporting embalaria ali para um jogo à medida dos que fez até Rúben Amorim sair, garantem os oráculos. É possível. Mas o que realmente deve inquietar os sportinguistas é a ideia de que era preciso aquele penálti ser assinalado para o Sporting ser a equipa arrasadora de que todos se recordam, mas que ninguém viu em Alvalade, nem antes, nem depois do lance com Catamo. Os erros de arbitragem só têm influência no resultado de jogos equilibrados, decididos por detalhes. O Sporting de Amorim não costumava dar margem para que um erro de arbitragem decidisse os seus jogos. Uma independência que João Pereira precisa de resgatar.