O MEU EUROPEU - É difícil fazer destaques individuais nesta histórica partida frente à França, uma vez que todos trabalharam muito para o êxito coletivo, e por isso, o líder do grupo, o "nosso" treinador Paulo Jorge Pereira, merece o meu reconhecimento.
Ele acertou, errou, mexeu, decidiu, voltou a arriscar e... VENCEU. E, ao vencer ele, vencemos todos. Paulo Jorge preparou a equipa à Fernando Santos; não precisamos de jogar bonito, mas de ser frios, pacientes e letais. Tenho uma saudável inveja, como treinador, da sensação e da alegria sentida pelo Paulo Jorge. Tenho inveja pelos jogadores, porque sei bem o sabor destas vitórias, mas tenho sobretudo um orgulho enorme em ser português e no nosso andebol. Hoje anoto um único aspeto negativo, a AUSÊNCIA DA RTP. No mínimo, é VERGONHOSO, como diria o outro.
Soberba 1.ª parte: A nossa super defesa 6:0
O início foi naturalmente nervoso, pelo peso duplo nas costas, o dos 14 anos de ausência de um Europeu e o do fortíssimo adversário que é sempre a França.
Pareceu-me que foi decidido estrategicamente jogarmos lento e, se assim foi, resultou. Temos um sistema defensivo muito forte, com um rendimento atualmente ao nível dos melhores. Alexis Borges, Daymaro Salina e Luís Frade têm, nas duas posições centrais do sistema defensivo 6:0, lugar em qualquer equipa mundial. E foram muito bem apoiados pelo enorme André Gomes e pelo incansável Fábio Magalhães. Só Quintana esteve, na primeira parte, abaixo do que lhe é normal; das três defesas que fez então, duas foram nos últimos cinco minutos.
Super soberba 2.ª parte: Um ataque que foi letal
A alteração do sistema defensivo, de 6:0 para 3:3, na minha opinião não se justificava. Foram 10 minutos oferecidos aos franceses, mas ser treinador é isto, e Paulo Jorge é treinador. Errou, reconheceu o erro e felizmente não demorou a voltar ao nosso sistema natural, que é o 6:0. Destaque para o aparecimento de Quintana na segunda parte, com defesas muito importantes, que ajudaram a dar confiança a toda a equipa. Feliz foi também a alteração ofensiva, com a utilização do já famoso 7x6 e quase só jogadores do FC Porto em campo, o que deu início a uma importante relação da primeira linha com os pivôs, algo que não se vira na primeira parte. Portugal jogou com uma maturidade assustadora e justificou ser atualmente visto pela Europa fora como um adversário a merecer muito respeito.
