O Sr. Manteigas não deu pela existência de um novo FC Porto, que não tem nada que ver com o anterior, muito menos com este Benfica. Sem querer, disse a verdade
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Os responsáveis do Benfica tentaram aprovar a revisão estatutária na assembleia geral do passado dia 21, mas as assembleias em períodos conturbados só servem para expor esses responsáveis à fúria irracional de sócios e adeptos. Aprovar estatutos? O único que estava ali para isso era Fernando Seara e foi tão insultado, aparentemente pelo grande pecado de fazer parte da direcção actual, que teve um ataque de nervos e demitiu-se, abandonando o jogo a meio. Já assim fora na AG para a apreciação das contas, em que os sócios optaram por ajustar contas com Rui Costa, e na assembleia de sexta-feira passada, onde essas contas foram chumbadas.
Bruno Lage foi inquirido sobre a confusão na assembleia do dia 21 e deu uma resposta espantosa: «Foi um momento à Benfica». Vi gente na televisão a puxar pela cabeça para encontrar o sentido oculto da expressão, mas não havia sentido oculto nenhum. Lage tropeçou na linguagem, com quem nunca teve grande, ou pequena, relação. Ouvi-lo - e agora há que o ouvir a toda a hora - é um exercício penoso, pois ele é um monumento vivo ao lugar-comum e martela-nos com o compromisso, o foco, a união do grupo, o jogar como equipa. Parece uma máquina onde se meteu uma moeda. Ainda assim, uma coisa é falar por lugares-comuns, outra é dizer o contrário do que se queria dizer. Mas nem tudo foi mau. Como falhou, Lage acabou por acertar. Aquela confusão é tão recorrente que bem pode designar-se por mais «um momento à Benfica». Há anos que vemos nessas assembleias insultos, ameaças, cadeiras pelo ar, até um presidente a apertar o pescoço de um sócio.