VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes
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Quem ama o FC Porto não se revê em mais uma semana horrível, incompreensível nas causas e na gestão do dia a dia, na indisciplina do que se passa na noite, nos castigos e nos perdões, nesta miséria desportiva que nos assola. Um ano após a eleição de André Villas-Boas é importante uma palavra do Presidente. Um ano de transição supõe atravessar para um futuro. Pergunta-se então para onde e por que caminho o FC Porto atravessa rumo ao futuro. Da ambição de ganhar a Liga Europa até ao quarto lugar na Liga, vai uma embarcação à deriva que é responsabilidade de decisões tomadas e realidades assumidas. É preciso fazer um balanço para que os últimos três jogos não sejam um inferno e o Mundial de clubes uma vergonha. Um ano de transição não tinha que ser um ano de recordes negativos batidos em sucessão.
Não foi pela festa de Otávio, fora de horas, que o FC Porto chega à sétima derrota no campeonato frente a uma equipa que ainda não havia ganho em casa em 2025 e que já não nos ganhava um jogo há 18 anos. Estamos a caminho de igualar o registo de há 49 anos, caindo de uma posição no pódio para um anónimo quarto lugar. Isto, numa semana em que o Braga perdera dois pontos frente ao Famalicão e nos permitiria, em caso de vitória, chegar ao terceiro lugar. Mas, sobretudo, numa semana em que competia à equipa dar uma resposta cabal aos acontecimentos inenarráveis de indisciplina e irresponsabilidade que culminaram em parabéns tardios na festa de aniversário de Otávio mas que têm vindo a acontecer, à descarada, há semanas a fio nas noites do Porto. Não foram capazes. Ao oitavo minuto de jogo, já o Estrela havia criado três oportunidades de golo, ganho uma mão cheia de segundas bolas, numa completa nulidade ofensiva portista. No fim do jogo o Estrela acaba com cinco ocasiões flagrantes para golo e duas bolas nos ferros. O FC Porto podia ter sido goleado e talvez fosse isso que merecesse perante mais um jogo sem pés nem cabeça. O desnorte parece ser completo, de alto a baixo. Parabéns a vocês vai voltar a ecoar na madrugada.
Depois de uma hora retidos sem poderem abandonar a Reboleira, elementos da estrutura portista saem numa carrinha do Estrela da Amadora, sem que se ouça uma palavra de Zubizarreta. O caminho que se está a construir parece ser o da inação e da convivência com o constrangimento. Agora que estamos matematicamente afastados do título, convirá perceber se Martin Anselmi percebe o que se está a passar com a equipa, o que se passou no jogo e onde andam as suas convicções. Será também fundamental perceber se ainda vamos a tempo de conseguir mais recordes negativos. Uma coisa é certa: mesmo que ganhemos os últimos três jogos, faremos menos pontos do que no ano passado, pelo que há mudanças que são transições e outras que são para pior.