<em><strong>PONTAPÉ PARA A CLÍNICA -</strong></em> Xistra encarregou-se de provar que eu tinha razão. Aos 45 segundos arruinou um jogo de futebol que prometia ser um grande .espetáculo
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1 Há cerca de um mês, escrevi: "O principal problema da nossa arbitragem não tem a ver com competência técnica. Os nossos juízes erram, como erram os outros. O que nos falta é, por um lado, uma coisa simples como bom senso na condução do jogo e por outro que os árbitros ajudem o espetáculo, ou pelo menos que não o estraguem."
O comentário vinha à boleia de uma decisão absurda de Carlos Xistra num jogo da Taça da Liga, expulsando de Rochinha aos 12 minutos.
Um mês volvido, Xistra encarregou-se de provar que eu tinha razão. Aos 45 segundos, arruinou um jogo de futebol que prometia ser um grande espetáculo. Mas se isso já era suficiente para sublinhar a traço grosso a convicção da falta de qualidade do juiz da partida, o resto da sua exibição foi um festival de prepotência (como aquando do amarelo a Sacko), exigência destemperada (amarelo prematuro a Pedrão aos 10 minutos por perder tempo, sem qualquer pré-aviso) e claro está, tudo temperado com falta de bom senso (como quando, sem entender o jogo, resolveu expulsar Davidson, em vez de ter uma atitude pedagógica que cumprisse na mesma a lei, mas sem acabar de escavacar a partida de vez). Tudo isto, com este pormenor: a entrada de Luis Díaz a Rochinha, semelhante à que o nosso extremo tinha feito na Feira e que com ela só teve uma diferença na cor do cartão exibido. Tudo dito.
Em qualquer caso, depois de tudo o que aconteceu, é preciso destacar a qualidade da nossa exibição, com uma personalidade incrível primeiro com dez jogadores e depois até com nove. Estão de parabéns os jogadores e o treinador, que foi corajoso e que no final revelou o senhor que é, deixando para o presidente a pronúncia sobre a arbitragem. Claro que todos sabemos (e ele ainda mais do que nós) que as declarações do líder vitoriano são mais para nós, adeptos, do que outra coisa. Porque ninguém acredita que este estado de coisas vá mudar assim, perante uma momentânea indignação. Isso só acontecerá no dia em que quem manda quiser resolver de forma séria o problema da arbitragem em Portugal. Não antevejo esse dia num futuro próximo, convencido que estou que estamos condenados a continuar a levar com os Xistras desta vida.
2 Querer resolver os problemas do futebol português implica ainda que um caso como o do jogo de hoje não possa em caso nenhum voltar a acontecer. Como é possível que um clube que tem a responsabilidade de zelar pelas suas instalações desportivas tenha deixado que a três dias do jogo inaugural fosse decidida a interdição da sua bancada? E como é que é justo que o adversário não possa contar não só com os jogadores castigados para esse jogo, como com os que agora foram entretanto castigados? Se isto não é o benefício do infrator, então não sei o que isso será.