Um enigma chamado Sporting, capaz do mau e do muito bom
<strong><em>TÁTICA DO PROFESSOR -</em></strong> Apetece perguntar: que Sporting é este? É um Sporting de altos e baixos a necessitar de estabilizar, de ser mais constante nos êxitos.
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1 - O Sporting, este Sporting, tem algo que intriga, a mim e a muita gente. Tem sido uma equipa de altos e baixos, com uma boa dose das razões a terem origem naquilo que se passou no final da última época e que teve reflexos no comportamento dos jogadores, na formação do plantel, no arranque da temporada, plantando uma série de dúvidas em relação ao futuro. José Peseiro fez o trabalho possível e nenhum outro, nas condições em que ele tomou conta da equipa, teria feito melhor.
A crueldade do futebol é que me leva a dizer isto, porque há horas amargas e o agradecimento é um sentimento que facilmente se esquece. Veio um novo treinador que trouxe com ele a novidade de ver o Sporting a jogar bem, com uma boa produção ofensiva, a marcar muitos golos, e a renovar a esperança dos adeptos. Veio também uma vitória na Taça da Liga, numa final com o FC Porto. Na altura escrevi que essa vitória poderia ser o lenitivo para outros feitos, até na corrida pelo título que foge há duas décadas. Mas de novo a equipa falhou, sumiu-se nessa luta até que chegou o jogo do tudo ou nada e a equipa deu tudo e conseguiu afastar o Benfica da Taça de Portugal e garantiu um lugar no Jamor, que é sempre algo de muito importante para um clube português. Apesar de todos os altos e baixos, a equipa conseguiu estar em duas finais. Apetece perguntar: que Sporting é este? É um Sporting de altos e baixos a necessitar de estabilizar, de ser mais constante nos êxitos. Não serei a melhor pessoa para apontar as razões desta falta de consistência nas vitórias, mas haverá com certeza alguém que consiga descortiná-las.
José Peseiro fez o trabalho possível e nenhum outro, nas condições em que ele tomou conta da equipa, teria feito melhor.
2 - É no meio desta inconstância que surge um nome incontornável: Bruno Fernandes, um médio com características fortes, que é um líder no jogo. Tem uma particularidade. Veio do estrangeiro para cá. Foi em Itália que começou a destacar-se depois de ter feito a formação no Boavista. Normalmente, os jogadores portugueses fazem o circuito contrário. É curioso. A experiência que adquiriu em Itália, a solidez tática, a disciplina têm sido, com certeza, muito úteis nesta nova vida profissional. E o Sporting ganhou com isso. Já foi chamado à Seleção Nacional e ficou a ideia de não ter agarrado a oportunidade, mas tem tudo para o vir a fazer, tem tudo para se tornar num médio de características únicas - não esqueçamos o seu potente remate e a apetência para marcar de longe - e ganhar um lugar importante na seleção. Tem de corrigir uma coisa: a sua linguagem gestual, que parece que está sempre contra o mundo e contra os adversários, companheiros, árbitros. Isso não o beneficia, mas tenho a certeza de que acabará por retificar essa particularidade.
Partilho com os leitores de O JOGO esta felicidade e a certeza de que os treinadores portugueses são bons e vão vencendo por esse mundo fora. E um muito obrigado pelas muitas mensagens de felicitações.
3 - Escrevo este artigo num quadro de extrema felicidade. O Al-Sadd acaba de se sagrar campeão nacional, culminando uma época brilhante, em que atingiu as meias-finais da Champions, em que teve nove jogadores na seleção do Catar que venceu a taça asiática, acabando por conquistar o campeonato, batendo uma série de recordes, com uma equipa técnica totalmente portuguesa. Partilho com os leitores de O JOGO esta felicidade e a certeza de que os treinadores portugueses são bons e vão vencendo por esse mundo fora. E um muito obrigado pelas muitas mensagens de felicitações.