Um Dragão sem galo

As grandes emoções servem-se durante os 90 minutos mas é no regresso ao Dragão que o coração palpita. Chegamos colados a cimento vivo, dezenas de milhar de adeptos para uma casa repleta no jogo inaugural da Liga, expectativa ao rubro nas saudades de tudo o que mexe e simboliza, naquele sentimento de paixão por tudo o que vale a pena num sentimento colectivo e gregário que aspira a sentir o esplendor, agora na relva. E esse primeiro contacto não desilude: há muitos mais milhares como nós, voz una. Quando o jogo termina e sucede pela beleza, olha-se o resultado em confirmação. É mais bonito quando são mais do que três pontos. Há alegria e mandado de soltura aos primeiros sinais da época.

Foi de forma convicta que a equipa procurou dar continuidade à esperança de acerto e felicidade que a vitória na Supertaça introduziu. Uma entrada em falso que conduzisse a uma eventual perda de pontos seria sempre inaugurar um contraciclo após uma pré-época vitoriosa e goleadora que atingiu o ponto de rebuçado oficial em Aveiro. Com a visão de quem sabe não haver indiscutíveis (muito menos no início da época), Vítor Bruno atirou Stephen Eustáquio e Iván Jaime para o onze, sacrificando Grujic e João Mário, recuando Galeno para um lugar que conhece melhor quando os jogos entram no último terço do tempo. Curiosamente, foi também no lado oposto da lateral que Martim Fernandes provou a razão pela qual foi titular nos dois jogos oficiais. Apesar da juventude, não engana. Assim como Vasco Sousa, saído do banco para render Eustáquio, um caso sério em perspectiva que Vítor Bruno guarda em saldo de banco para dar ritmo a outros que do ritmo bem precisam. Quando Vasco Sousa pegar de estaca, deverá ser dele o lugar. Ao ponto de se pensar que a aptidão é inata, faz quase tudo certo para tão escassa experiência ao mais alto nível.