Se não tiver servido para mais nada, talvez o caso Cardoso Varela sirva para evitar que mais jogadores menores continuem a ser tratados como mercadoria
Corpo do artigo
O cancelamento da transferência de Cardoso Varela para um clube da quarta divisão da Croácia, que serviria de trampolim para o futebol alemão, é uma vitória da persistência do FC Porto na defesa dos seus interesses, mas sobretudo na defesa dos regulamentos que protegem os menores em casos de transferências internacionais. E é, simultaneamente, uma derrota clara para os agentes sem escrúpulos que atuam nas entrelinhas das leis, para os clubes que servem de entreposto em “paraísos regulamentares” como a Croácia e, mais ainda, para os que servem de destino final, responsáveis por alimentar um carrossel que gira na fronteira entre o tráfico humano e a exploração de menores.
Nesta altura, o destino de Cardoso Varela é incerto. O regresso ao FC Porto, embora desejado pelo clube e desejável para o internacional português sub-17 que tem em Portugal todas as condições para concluir a respetiva formação como futebolista e cidadão, não está garantido. Mas o alerta está dado e, se não tiver servido para mais nada, talvez este caso sirva para evitar que mais jogadores menores, muito deles africanos, quase todos sem clubes da dimensão do FC Porto que os protejam e lutem por eles, continuem a ser tratados como mercadoria debaixo do nariz da FIFA.