Um campeonato com a forte marca minhota
TÁTICA DO PROFESSOR - A crónica de domingo assinada por Jesualdo Ferreira
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1 - Partimos para o novo campeonato - foram anteontem realizados os sorteios das ligas profissionais - com uma realidade diferente do habitual: a zona do Minho (Braga, V. Guimarães, Moreirense, Famalicão, Gil Vicente) ganha preponderância no campeonato, equiparando-se ao Porto (FC Porto, Boavista, Paços de Ferreira, Rio Ave e Aves) e ultrapassando Lisboa (Benfica, Sporting, Belenenses) e naturalmente todas as outras zonas do país.
O Braga é outra das razões para a actual pujança minhota.
Pode-se falar sem receio de pujança do futebol minhoto, que vai levar mais gente aos estádios como adiante explicarei. Nesta importância do futebol minhoto, há dois clubes que foram fundamentais: primeiro, o V. Guimarães que, em tempos, teve um presidente, Pimenta Machado, que foi visionário e arrancou com um complexo desportivo que ainda hoje é muito útil, embora a grandeza do clube reclame um pouco mais. Viveu tempos áureos, andou pelos lugares europeus, chegou à Champions, mas depois foi-se perdendo, sem que ninguém possa esquecer um factor: o apoio dos adeptos, que são a alma daquele emblema e ajudam a dificultar a tarefa dos clubes grandes quando ali se deslocam.
Senti isso como treinador, quer do FC Porto, quer do Benfica, e até do Braga. É um clube único que precisa apenas de ganhar consistência na qualidade dos resultados e chegar-se mais acima na tabela classificativa em cada ano que passa. Não esqueçamos que ao Vitória já aconteceu o impensável, descer de divisão, mas ao colo dos adeptos o clube recuperou e rapidamente voltou ao lugar onde deve estar sempre.
2 - O Braga é outra das razões para a actual pujança minhota. Assisti bem de perto ao início do crescimento de um clube que hoje é equiparado aos grandes, tem infraestruturas fenomenais, uma boa escola de formação, boas equipas, bons jogdores, e um presidente que soube interpretar bem as necessidades e puxar a cidade para o clube.
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Ao Braga já só pode acontecer uma coisa: chegar mais acima, porque a estabilidade é tal que não se pensa em qualquer outra possibilidade. Está sólido o clube nas suas ambições e nas suas condições. Tudo o resto vem a reboque no Minho. Temos o Moreirense a aproximar-se da estabilidade na I Liga, e até ameaçou conquistar um lugar europeu na última época e com condições para fazer campeonatos sossegados, e agora vêm o Gil Vicente, reintegrado depois de uma luta dura na justiça, e o Famalicão, um regresso que se saúda. Provavelmente terão mais dificuldades em aguentar-se na I Liga, porque sabemos como é difícil chegar de uma II Liga, ou mais abaixo, no caso dos gilistas, mas acredito que têm força anímica e condições também para se manterem.
3 - O resultado de tudo isto é que a Norte temos a supremacia do campeonato, são dez equipas, o que, tenho a certeza, levará mais gente aos estádios. Teremos certamente mais público, porque a proximidade geográfica entre os clubes é assinalável. Não será tão oneroso para os espectadores, tanto a nível de viagens como de hotéis e de outras despesas, assim o calendário (horários) seja ajustado nos devidos momentos. É um campeonato muito centrado a Norte aquele que vamos ter, mas isso não é uma grande novidade. O carimbo Minho, sim, é uma boa notícia.