HÁ BOLA EM MARTE - Um artigo de opinião de Gil Nunes
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As declarações de Frederico Varandas após o jogo da Taça tiveram um objetivo duplo: a autoestrada – puxar o espírito olímpico da equipa, dado que tudo se decide nos clássicos; e a saída para a estação de serviço - maquilhar um eventual falhanço cujo principal responsável será o próprio Varandas. Sim, o plantel é curto. E a culpa até pode ser de Amorim. Sim, houve lesões a mais e sorte a menos. Tudo bem. A questão é outra: leitura de contexto. É que até parece que Varandas precisava de um treinador e deixou-se levar pelo furor de um Vitória que jogou à rei diante da Fiorentina. “Este Rui é que era”, pensou. Só que não, dado que a ideia de jogo é oposta à de Amorim. O irónico: triunfando ou não, o Sporting fica sempre confuso no futuro próximo. Mas Varandas melhorou: mais vale um discurso redondinho do que o célebre tratado de filosofia de plástico em que “o João não pôde ser o João”.
7 Geny Catamo: útil
Após ter sido de máxima utilidade nos Açores, a sua capacidade para executar diagonais a partir do miolo voltou a ser importante em Vila do Conde. Ofereceu novo colorido à equipa na segunda metade e contribuiu de forma decisiva para o lance que definiu o segundo golo da equipa. Atravessou um ocaso após o jogo em Moreira de Cónegos, mas reaparece na altura certa: o Sporting precisa de novos eixos no ataque que não Gyokeres. Catamo diz sim.
7 Leandro Barreiro: novo ADN
Foi ver o Benfica com um central esquerdino – Bajrami – e deixando boa marca para o futuro; foi ver Dahl como solução válida caso Carreras não resista à cobiça; e foi, na dupla eliminatória diante do Tirsense, constatar algo de interessante: a utilização em simultâneo da dupla Florentino – Barreiro como complemento e não no estanque desenho de duplo pivô aplicado por Schmidt. É que Barreiro acelera, chega a área e agita as tropas.
8 João Moutinho: diga lá 3
Foram três passes a rasgar a defesa e a provocar desequilíbrios – Estoril e Famalicão – que originaram os golos do Braga nos últimos embates. O mais útil dos faróis, isto numa altura em que os arsenalistas necessitam de um pilar de experiência para assegurar o triunfo da fornada dos mais jovens. À renovação diz-se sim, até porque dá sempre um “jeitaço” ter em campo alguém que é uma extensão do treinador. João Moutinho está em alta.
FC Porto: e tu, Tiago?
Indisciplina nunca é bem-vinda, mas é bem melhor acontecer agora – numa altura de recalibração – do que na próxima temporada. Sobre Tiago Djaló, teve uma oportunidade única de carreira, e até foi o central de referência de Anselmi quando este chegou. Como ter o Euromilhões nas mãos e derramar cerveja no boletim.