PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Um artigo de opinião de José João Torrinha.
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Trocar de treinador a duas jornadas do fim simboliza bem o que tem sido esta época no Vitória.
Uma temporada em que se sucederam algumas más decisões e em que o sexto lugar (a ser, como esperado, alcançado) é conquistado "apesar de" e não "por causa de".
Já aqui escrevi vezes sem conta: o futebol é um "negócio" muito específico, cujo know-how custa a aprender e onde, por regra, os mais experientes triunfam. É bom, por isso, que esta Direção olhe atentamente para trás e aprenda com os erros para que a próxima temporada seja o definitivo virar de página.
No que ao treinador diz respeito, o pecado original foi cometido na época passada. O Vitória tinha um excelente treinador e nem precisávamos de recorrer ao seu trajeto em Famalicão para o atestar. Não havia, por isso, qualquer necessidade de mudar. Mas a mudar, então, teria que ser necessariamente para melhor.
Em vez disso, o Vitória decidiu, tarde e a más horas, servir de jardim de infância a um novo técnico ainda a dar os primeiros passos ao nível do banco. A experiência foi o que foi e durou três jornadas.
Para o seu lugar veio um treinador de perfil oposto: uma carreira feita a pulso, degrau a degrau e não de geração espontânea. Sob o seu comando, o Vitória viveu a melhor fase da época e assistiu depois a uma quebra de rendimento difícil de explicar. Sendo justos, João Henriques apanhou uma equipa que não escolheu e acabou, como tantos outros, sacrificado no altar dos maus resultados. O que veio a seguir não foi melhor.
Bino foi uma escolha típica. A solução interna que se experimenta à procura de nos sair na rifa um Rúben Amorim ou um Bruno Lage. Mas, olhando para a forma como acabou a sua estadia em Guimarães, mais uma vez algo correu mal. Depois do que ouvimos e lemos esta semana, e sendo benevolentes para ambas as partes, diremos que, no mínimo, a comunicação entre elas não foi a melhor e levou ao que levou.
Há que dizer, todavia, que as declarações de Bino na antevisão do jogo contra o Famalicão foram deslocadas e inadmissíveis. Quando um treinador se senta naquela cadeira tem de se lembrar que à frente dos seus interesses estão os do Vitória. Bino não o percebeu e por isso a sua saída era mesmo o único caminho possível.
Finalmente, o futuro. Por todo lado lemos que Pepa é o senhor que se segue. Se assim for, é uma boa escolha. Tem carisma, tem discurso, uma ideia de futebol positivo e atrás de si obra feita. Se assim for, que para a semana esteja a ser anunciado e a trabalhar para o tal virar de página.
Para Moreno, que sente este clube como poucos, as maiores felicidades e que consiga dar ainda assim o seu contributo para uma época de serviços mínimos.