Opinião de Nuno Correia da Silva, administrador de empresas
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Os próximos jogos devem iniciar-se com um minuto de silêncio em memória do Papa Francisco. Não é o grande e fervoroso adepto do San Lorenzo, o sócio 88235, que será recordado, mas o Homem que liderou a igreja católica nos últimos 12 anos e que foi exemplo dos valores mais nobres que a humanidade pode ter.
Foi adepto, sem odiar outros, teve opinião sem dividir, assumiu diferenças, mas fez delas cimento para agregar, ao invés de muros para dividir. Foi um homem ímpar, como não poderia deixar de ser, sendo sucessor de Pedro. Pedro, que também simboliza a pedra, a pedra que Cristo escolheu para fundar a igreja que serviria para difundir o Cristianismo. A primeira pedra não só de uma igreja, mas também do que hoje chamamos, vulgarmente, civilização ocidental.
É nessa civilização que nascem os valores em que se funda o Direito, as regras e a ética, atributos que moldam a vida em sociedade. É a bússola que nos informa sobre os pontos cardeais entre o certo e o errado, a mesma que esteve na origem das regras que regulam o desporto, que promovem a descoberta de cada um, a descoberta do seu melhor pela superação e não pela batota. Por isso, todas as homenagens a Francisco serão menos do que aquilo que representou, porque representou Cristo. A este propósito, é oportuno questionar por que razão a Federação permitiu a realização de jogos durante a sexta-feira Santa. Sim, o dia em que é recordada a morte de Cristo. Um dia com grande simbolismo, desde logo para os cristãos, mas também para toda a civilização que nasce da herança judaico-cristã.
É mais fácil perceber a realização de jogos no dia de Páscoa, dia que celebra a ressurreição, a vida, o recomeço, do que no dia que representa a morte de Cristo. Dia especial para os cristãos, que convoca à meditação, ao recolhimento e à reflexão. Poderá a federação justificar com o laicismo, mas é uma explicação frouxa, porque não deixaria de o ser se respeitasse as datas que são especialmente importantes para a maioria dos portugueses. Quando não respeitamos o que somos, porque queremos, corremos o risco de vir a ser o que não queremos, porque não escolhemos.