O risco, porém, neste momento está mais num novo desaire contra um pequeno e, neste ponto da sua doença futebolística, se isso acontecer, é difícil imaginar dar a volta sem mudar todo o cenário (principais personagens) que a envolvem.
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1 - Cada jogador a sentir a cabeça como se tivesse uma permanente metralhadora de pressão dentro dela.
Pareceu-me, desde início, que Vítor Bruno tinha preparado este jogo tanto ao pormenor, montando um plano tático de posicionamentos para sobretudo (ou prioritariamente) não perder o equilíbrio defensivo na ocupação dos espaços que, nessa voragem de transmissão do plano do jogo aos jogadores, teria cometido o erro mais comum neste tipo de situações quando uma equipa está doente tático-mentalmente: o excesso de informação.
Isto é, demasiadas indicações para cada jogador (a metralhadora mental na cabeça aumentada pela pressão do momento/resultados).
No sistema, era um 4x1x4x1 sem bola mas que, na prática, mostrava um onze inseguro mentalmente, algo espelhado no receio em assumir a bola ou pedi-la nos momentos mais difíceis. Por isso, a quantidade de passes laterais e atrasados (estes o sinal mais claro do jogador que, receando falhar um passe vertical progressivo, prefere a segurança, tantas vezes ilusória, do passe para trás).
2 -É algo que, quase sempre, acaba por os prender mais em campo. Ou seja, ficam tão condicionados para não cometer erros de posicionamento (para não abrir fendas defensivas numa equipa que está a sofrer muitos golos) que depois não conseguem passar para a outra parte do plano, o que libertaria a mente do medo e a soltaria para atacar alegre no momento ofensivo. Raramente sucedeu. A atacar, o FC Porto estava com mais medo de perder a bola e o equilíbrio defensivo do que com coragem em atacar o golo. Por isso, este estado de coisas só mudou quando entrou um jogador mais irresponsável, no bom sentido futebolístico do termo: Fábio Vieira. Não será hoje um jogador taticamente fiável para uma equipa com tantos problemas no processo defensivo mas, com o inverter ao mesmo tempo do triângulo do meio-campo (passando para um “2x1” com Varela-Nico mais atrás e Fábio solto a “10” segundo-avançado) libertou-a com bola ofensivamente.